Encontrar a palavra certa, em
momentos difíceis, exige confiança no milagre da vida e na razão que justifica
a existência.
Somente esta crença nos permite
dizer sobre o sentido de tanta dor, de tanto desencontro, de tanto ódio.
Sabermos que a vida é um
instrumento para encontrarmos pessoas afins e, principalmente, para resolvermos
pendências, sentimentos e relacionamentos conturbados é a única justificativa
que encontro para falar de perdão.
Perdão que não significa nos
submetermos àquilo que pode nos fazer mal, nem esquecer o que nos prejudicou.
Superar este sentimento é como
tirar, com as próprias mãos, uma faca cravada no peito.
É um ato de superação, de
aprendermos a nos proteger sem ressentimentos.
De transformar o que aconteceu em
experiência e crescimento.
Afinal, quem já não sentiu, um
dia, que a raiva que alimentamos por outra pessoa está envenenando nossa vida,
consumindo uma energia que poderíamos empregar de modo mais produtivo?
Chega uma hora em que nosso
coração, nosso corpo, nossa mente, tudo nos diz que ao continuarmos carregando
a mágoa estaremos nos prejudicando mais. Que se insistirmos em manter aberta a
ferida, em vez de deixar para trás o que passou, continuando a reviver a dor e
a raiva como se tudo tivesse acabado de acontecer, sofremos inutilmente e não
vamos evoluir.
Manter aberta uma ferida
emocional nos traz emoções e pensamentos negativos, que aumentam e se
reproduzem até contaminarem todo nosso espaço.
Já o perdão liberta o coração,
nos salva da posição de vítimas e nos devolve o comando da própria vida.
Viver sob a culpa, tanto quanto
sob o ressentimento, nos impede de viver.
O importante é saber que devemos
determinar esta vontade. O desejo de alcançar esta "cura".
Perdoar não é algo que se faz
pelo outro, mas um benefício a nós mesmos.
Há momentos, certamente, que
estamos tão presos ao ressentimento e ao ódio, que perdoar nos parece a coisa
mais difícil do mundo.
Mas, lhe digo que perdoar é,
acima de tudo, um exercício diário.
É como se, dia-a-dia, fizéssemos
um curativo num ferimento profundo e doloroso.
A ferida não desaparecerá
rapidamente, mas ao cuidarmos dela com esta intenção, veremos a melhora da área
ferida e sua paulatina reconstrução.
Saiba que o tratamento, em si,
não é menos doloroso que o próprio ferimento, mas não enfrentá-lo agora é
sujeitar o membro ferido (seu próprio coração) aos riscos da atrofia e da
contaminação generalizada.
Tenha confiança e perseverança,
e, principalmente, saiba que não estamos sozinhos.
Eliane de Pádua |
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