sábado, 21 de janeiro de 2012

DIETA MENTAL



São muitos os que lamentam não ter feito o que deveriam, não haver aproveitado  grandes  oportunidades ter tomado  atitudes  que lhes trouxeram  grandes prejuízos (quando tinham tudo para acertar), não terem trabalhado a favor dos outros e assim por diante.

Ter perdido tempo na vida é uma dor em muitas consciências.

Mas sempre é tempo de recomeçar, de se orientar e se dispor a fazer tudo de novo modos, pondo boas emoções na vida. 

Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.

Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.

A nossa sociedade está mais abarrotada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.

As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.

Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.

Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.

Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.

O problema central está na família e na escola.

Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.

Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas.

Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção...  é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.

Um dos capítulos mais polêmicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma:
  • O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou a muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.


O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polêmico e chocante.

Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.

Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.

O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.

Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.

Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para que ela serve.

Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam por que.

Todos conhecem “que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.

As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.

Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência.

A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil... Paradoxal ou doentia.

Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.

Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade.

O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.

O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.

Precisa principalmente de DIETA MENTAL!

Vamos lá! Arregace as mangas e mãos à obra!
Eliane de Pádua


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