São muitos os que lamentam não
ter feito o que deveriam, não haver aproveitado grandes
oportunidades ter tomado atitudes que lhes trouxeram grandes
prejuízos (quando tinham tudo para acertar), não
terem trabalhado a favor dos outros e assim por diante.
Ter perdido tempo na vida é uma
dor em muitas consciências.
Mas sempre é tempo de recomeçar,
de se orientar e se dispor a fazer tudo de novo modos, pondo boas emoções
na vida.
Há
apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso
de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está
na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e
conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.
A nossa sociedade está mais abarrotada de preconceitos que de
proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.
As
pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações
precipitadas.
Todos
têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os
cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e
comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e
realizadores de cinema.
Os
telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances
são os donuts da imaginação.
O
problema central está na família e na escola.
Qualquer
pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces
e chocolate.
Não
se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental
das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas.
Com
uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e
emoção... é normal que esses jovens
nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.
Um
dos capítulos mais polêmicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres",
afirma:
- O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou a muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.
O
texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante,
para se centrarem apenas no lado polêmico e chocante.
Só
a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.
Outros
casos referidos criaram uma celeuma que perdura.
O
conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos
sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos
dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para que ela serve.
Todos
acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam por que.
Todos
conhecem “que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.
As
conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
Não
admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do
espírito humano estejam em decadência.
A
família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura
banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil... Paradoxal ou
doentia.
Floresce a
pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não
se trata de uma decadência, uma «idade
das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam.
É
só uma questão de obesidade.
O
homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O
mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.
Precisa principalmente
de DIETA MENTAL!
Vamos lá! Arregace as mangas e mãos à obra!
Eliane de Pádua |
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