terça-feira, 3 de julho de 2012

A Verdade





No tempo em que os deuses caminhavam entre os mortais, a Verdade chegou a uma cidade, no dia em que o sultão se prontificava a atender quem quisesse lhe falar.

O Grão Vizir, temendo o que a Verdade poderia dizer ao Sultão, ele se colocou na frente do palácio e esperou pela Verdade, quando ela chegou, ele disse:



- Quem é você?

- Eu sou a Verdade! E vim ver o Sultão.

- Mas você não pode ver o sultão deste jeito,  é uma falta de respeito. (a Verdade por sua própria natureza sempre andava nua).

Contrariada a Verdade, caminhou pela cidade e se vestiu com trapos que achou pelas ruas, então voltou ao palácio, onde o Vizir a aguardava.



- Quem é você?

- Eu sou a Dúvida! E eu vim falar com o Sultão.

O Vizir pensou e chegou a conclusão de que a dúvida  podia causar tantos problemas quanto a verdade, já que a dúvida faz pensar. Ele então se virou e disse:

- Você não pode ver o Sultão nestes trapos.

A Dúvida, que já fora Verdade, voltou então para sua casa, onde se vestiu com as mais belas joias que os gênios haviam lhe dado, e as roupas que os deuses haviam tecido do próprio firmamento apenas para ela.

E vestida desta forma ela retornou ao castelo do Sultão. 

E lá estava o Vizir a espera dela.


-Quem é você?

-Eu sou a Fábula! E eu vim falar com o Sultão.

-Pode passar, afinal, pensou o Vizir, quem acredita em uma fábula?


REFLEXÃO:
A pessoa que vive de aparências ou finge ser quem não é corre sérios riscos de entrar em depressão. Isso é perfeitamente compreensível, graças à batalha que ela trava consigo mesma e o desgaste para manter uma realidade falsa. Se for fácil enganar os outros, é impossível enganar a própria consciência. Por todas essas razões, vale a pena ser quem se é, ainda que isso não agrade os outros. 

Afinal, não é aos outros que prestaremos contas das nossas ações, e sim à nossa consciência e a Deus.

Eliane de Pádua
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