sexta-feira, 6 de julho de 2012

Amor e inteligência




A religiosidade é inerente ao homem.

Sob as mais diversas formas e em todas as épocas, a Humanidade procurou relacionar-se com a Divindade.

Por muito tempo imperou a ideia de que Deus deveria ser temido.

O Criador era apresentado, por muitas tradições, como cioso e vingativo.

Jesus reformulou esse conceito, ao falar em um Pai amoroso e justo.

Convidado a indicar o maior mandamento da Lei Divina, Ele sentenciou: 


Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o Espírito.


E também amar ao próximo como a si mesmo.

É interessante anotar que, ao invés de um, o Cristo apresentou, de uma vez, dois mandamentos.

Um fala em amor a Deus e o outro em amor ao próximo.

Isso prova que tais comandos são entrelaçados.

O amor ao próximo complementa o amor a Deus e vice-versa.

Segundo o Mestre Nazareno, Deus deve ser amado com todo o coração, toda a alma e todo o Espírito.

Percebe-se ser esse amor algo muito intenso e profundo, que reclama a criatura por inteiro.

O sentimento por si só não basta.

Quando se quer enfatizar o aspecto emocional, fala-se em coração.

Mas à Divindade não se deve dar apenas o coração.

Todo o Espírito necessita estar empenhado nessa relação.

Segundo o dicionário, um dos significados de Espírito é o conjunto das faculdades intelectuais.

Cuida-se de uma acepção até certo ponto comum.

Muitas vezes se afirma que uma pessoa tem espírito.

Essa expressão indica que ela é inteligente, perspicaz, possui raciocínio rápido.

Conclui-se que o amor a Deus envolve razão, discernimento, intelecto.

O Espiritismo ensina que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

Não se trata de uma personalidade, à semelhança dos homens, mas de uma Consciência Cósmica.

O apreço por uma personalidade humana, frequentemente vaidosa, pode ser demonstrado por gestos exteriores.

Em relação à Consciência Cósmica, despida de características humanas, isso não se dá.



Como Deus é a Inteligência Suprema do Universo, o amor por Ele implica o esforço por desenvolver a própria inteligência.

Assim, a religiosidade é incompatível com o cultivo deliberado da ignorância.

Deus brindou Suas criaturas com dons maravilhosos, os quais precisam ser valorizados.

O dom que distingue os homens do restante da Criação é a sua intelectualidade desenvolvida, a sua razão.

O amor a Deus pressupõe respeitar o Mundo e os seres que Ele criou.

E também, logicamente, o esforço para entender esse Mundo e as leis que o regem.



Tudo no Universo é progresso e metamorfose.

Espécies animais e vegetais, as sociedades e as leis humanas, tudo se altera e aperfeiçoa.

O papel de cada homem é colaborar nesse processo de aprimoramento.

Para isso, necessita burilar seu intelecto.

Ao crescer em entendimento e compreensão, enche-se de admiração pela grandeza e pela sabedoria Divinas.

Mas o amor ao próximo complementa o amor a Deus.

As faculdades desenvolvidas pelo estudo e a observação devem ser utilizadas em benefício do semelhante.

Assim, para bem cumprir o mandamento do amor, procure desenvolver sua inteligência.

Estude uma língua, faça um curso, leia um livro, ilustre-se.

Encante-se com as maravilhas que o cercam.

E utilize seus talentos em favor do próximo.




Eliane de Pádua


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