... e ponto final!
Dr. Paulo Niemeyer Filho
(Neurocirurgião)
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Parte da entrevista da
revista PODER,
neurocirurgião Paulo
Niemeyer Filho,
abaixo, quando lhe foi
perguntado:
PODER: O que fazer para
melhorar o cérebro ?
PN: Você tem de tratar do
espírito. Precisa estar feliz, de bem com a vida, fazer exercício. Se está
deprimido, reclamando de tudo, com a autoestima baixa, a primeira coisa que
acontece é a memória ir embora; 90% das queixas de falta de memória são por
depressão, desencanto, desestímulo. Para o cérebro funcionar melhor, você tem
de ter alegria. Acordar de manhã e ter desejo de fazer alguma coisa, ter prazer
no que está fazendo e ter a autoestima no ponto.
PODER: Cabeça tem a ver
com alma?
PN: Eu acredito que a
alma está na cabeça. Quando um doente está com morte cerebral, você tem a
impressão de que ele já está sem alma... Isso não dá para explicar, o coração
está batendo, mas ele não está mais vivo. Isto comprova que os sentimentos se
originam no cérebro e não no coração.
PODER: O que se pode
fazer para se prevenir de doenças neurológicas?
PN: Todo adulto deve
incluir no check-up uma investigação cerebral. Vou dar um exemplo: os
aneurismas cerebrais têm uma mortalidade de 50% quando rompem, não importa o
tratamento. Dos 50% que não morrem, 30% vão ter uma sequela grave: ficar sem
falar ou ter uma paralisia. Só 20% ficam bem. Agora, se você encontra o
aneurisma num checkup, antes dele sangrar, tem o risco do tratamento, que é de
2%, 3%. É uma doença muito grave, que pode ser prevenida com um check-up.
PODER: Você acha que a
vida moderna atrapalha?
PN: Não, eu acho a vida
moderna uma maravilha. A vida na Idade Média era um horror. As pessoas morriam
de doenças que hoje são banais de ser tratadas. O sofrimento era muito maior.
As pessoas morriam em casa com dor. Hoje existem remédios fortíssimos, ninguém
mais tem dor.
PODER: Existe algum
inimigo do bom funcionamento do cérebro?
PN: Todo exagero.
Na bebida, nas drogas,
na comida, no mau humor, nas reclamações da vida, nos sonhos, na arrogância,
etc.
O cérebro tem de ser
bem tratado como o corpo. Uma coisa depende da outra.
É muito difícil um
cérebro muito bom num corpo muito maltratado, e vice-versa.
PODER: Qual a evolução
que você imagina para a neurocirurgia?
PN: Até agora a gente
trata das deformidades que a doença causa, mas acho que vamos entrar numa fase
de reparação do funcionamento cerebral, cirurgia genética, que serão cirurgias
com introdução de cateter, colocação de partículas de nanotecnologia, em que
você vai entrar na célula, com partículas que carregam dentro delas um remédio
que vai matar aquela célula doente que te faz infeliz. Daqui a 50 anos ninguém
mais vai precisar abrir a cabeça.
PODER: Você acha que
nós somos a última geração que vai envelhecer?
PN: Acho que vamos
morrer igual, mas vamos envelhecer menos. As pessoas irão bem até morrer. É
isso que a gente espera. Ninguém quer a decadência da velhice. Se você puder ir
bem mentalmente, com saúde, e bom aspecto, até o dia da morte, será uma
maravilha.
PODER: Hoje a gente
lida com o tempo de uma forma completamente diferente. Você acha que isso muda
o funcionamento cerebral das pessoas?
PN: O cérebro vai se
adaptando aos estímulos que recebe, e às necessidades. Você vê pais reclamando
que os filhos não saem da internet, mas eles têm de fazer isso porque o cérebro
hoje vai funcionar nessa rapidez. Ele tem de entrar nesse clique, porque senão
vai ficar para trás. Isso faz parte do mundo em que a gente vive e o cérebro
vai correndo atrás, se adaptando.
Você acredita em Deus?
PN: Geralmente depois
de dez horas de cirurgia, aquele estresse, aquela adrenalina toda, quando
acabamos de operar, vai até a família e diz:
"Ele está
salvo".
Aí, a família olha pra
você e diz:
"Graças a
Deus!".
Então, a gente acredita
que não fomos apenas nós, que existe algo mais,
independente de religião.
Eliane de Pádua |
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