segunda-feira, 27 de setembro de 2010

COMO ENTENDER A HISTÓRIA – 1ª Parte

...DA RIQUEZA DO HOMEM
Não é uma história econômica
nem uma história do pensamento econômico,
mas um pouco de ambas.

Uma explicação da:
História pela teoria econômica, e a
Teoria econômica pela história.



DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO

A sociedade feudal consistia dessas três classes –
  1. Sacerdotes,
  2. Guerreiros e
  3. Trabalhadores,

Sendo que o homem que trabalhava produzia para ambas as outras classes, eclesiástica e militar. Isto era muito claro, pelo menos para uma pessoa que viveu naquela época.

A maioria das terras agrícolas da Europa ocidental estava dividida em área conhecidas como “feudos”. Um feudo consistia apenas de uma aldeia e as várias centenas de acres de terra arável que a circundavam, e nas quais o povo da aldeia trabalhava.

Nas diversas localidades, os feudos variavam de tamanho, organização e relações entre o que os habitavam, mas suas características principais se assemelhavam de certa forma.

Cada propriedade feudal tinha um senhor.
  • O senhor feudal vivia (ou visitava, já que freqüentes vezes possuíam vários feudos; alguns senhores chegavam mesmo a possuir centenas) com sua família, empregados e funcionários que administravam sua propriedade.

A terra arável era dividida em duas partes, 
  • sendo a terça parte do todo, pertencente ao senhor, 
  • e a outra ficava em poder dos arrendatários que, então trabalhavam a terra.

Eram essas, portanto, as duas características importantes do sistema feudal.

A terra arável era divida em duas partes, uma pertencente ao senhor e cultivada apenas para ele, enquanto a outra era dividida entre muitos arrendatários;

A terra era cultivada não em campos contínuos, tal como hoje, mas pelo sistema de faixas espalhadas.
Havia uma terceira característica marcante - o fato de que os arrendatários trabalhavam não só as terras que arrendavam, mas também a propriedade do senhor.

Assim como os pioneiros nos Estados Unidos, procurando uma forma de melhorar sua situação, lançaram os olhos sobre as terras virgens do oeste, assim o ambicioso campesinato da Europa ocidental  do século XII voltou seus olhos para as terras incultas, então abundantes, como meio de fugir à opressão.

Mas nos Estados Unidos os pioneiros tinham acesso praticamente a todo o continente, ao passo que onde poderiam os camponeses oprimidos da Europa do século XII encontrar terra? É fato surpreendente, mas verídico, que na época cultivava-se apenas metade das terras da França, um terço da Alemanha, um quinto da Inglaterra. O resto simplesmente consistia de florestas, pântanos e terrenos inaproveitados. A Europa do século XII tinha a sua fronteira móvel, tal como a América do século XVII.

No entanto, a Europa teve sua ‘marcha para oeste’ cinco séculos  antes da marcha americana. Quando os pioneiros nos Estados Unidos quebravam seus machados nas árvores do oeste norte-americano entre os séculos XVII e XIX, os sons que ouviam eram ecos dos sons provocados  pelos seus ancestrais na Europa, quinhentos anos antes, em circunstâncias semelhantes. Para os pioneiros do século XII, como para os do século XVII, a luta foi longa e árdua, mas a vitória significou a liberdade e a possibilidade de ser, total ou parcialmente, dono de um pedaço de terra, isento do pagamento do cansativo trabalho a que os camponeses sempre estavam obrigados.

Durante anos o camponês se havia resignado à sua sorte infeliz. E como a possibilidade de se elevar  acima de sua situação praticamente não existia, quase não tinha incentivos a fazer mais do que o necessário para sobreviver. Executava suas tarefas rotineiras de acordo com os costumes. Não havia interesse em fazer experiências com sementes ou outras formas de produzir, porque o mercado onde podia vender a produção era limitado, e muito possivelmente o senhor tomaria a parte do leão ao aumento da colheita.

Mas a situação se modificara. O mercado crescera tanto que qualquer colheita superior às necessidades do camponês e do senhor poderia ser vendida. Em troca, o camponês recebia dinheiro, prosperava, e a cidade próxima era um lugar maravilhoso como ele tinha ocasionalmente perambulado e gostado.

(continua) 1/5


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