No
seu livro O profeta, Gibran Khalil
Gibran fala da prece com grande propriedade:
"Vós rezais nas vossas aflições e
necessidades. Se pudésseis rezar também na plenitude de vossa alegria e nos
dias de abundância...
Pois
que é a oração senão a expansão de vosso ser no éter vivente?
E
se vos dá conforto exalar vossas trevas no espaço, maior conforto sentireis
quando exalardes a aurora de vosso coração.
“E se não podeis reter as
lágrimas quando vossa alma vos chama para orar, ela vos deveria esporear repetidamente,
embora chorando, até que aprendêsseis a orar com alegria."
São
considerações bastante oportunas.
Estamos
acostumados a utilizar a prece apenas como um último e desesperado recurso.
Quando
não se sabe mais o que fazer, a quem mais pedir socorro, suplica-se ao Pai por
auxílio.
Mas
será essa a única função da prece?
Ligar
o homem a Deus em momentos de desesperança e de sofrimento?
É
claro que não.
Por
meio da prece entramos em sintonia com Deus e com os Espíritos Superiores que
nos tutelam e acompanham na jornada terrestre.
Esse
contato é uma forma eficiente de comunicação em qualquer circunstância.
Pedir,
apenas, é uma maneira muito infantil de manter-se em contato com a
Espiritualidade Superior.
Agindo
assim, comportamo-nos como aquela criança que apenas se lembra dos pais quando
se fere e se encontra em dificuldades.
Daí
sai correndo, choramingando e pula, entre soluços, no colo dos pais em busca de
consolo e de solução fácil e rápida para suas dores.
Ainda
somos crianças para Deus.
Crianças
que choram diante das contrariedades e que tentam barganhar vantagens por meio
da prece.
Pedimos
ao Pai coisas absurdas e que em nada contribuiriam efetivamente para nossa
felicidade.
Queremos
que nossas vidas sejam para sempre um mar de rosas, repletas de dias
ensolarados e de prazeres constantes e renovados.
Muitos
pensam em Deus e lembram de orar apenas em momentos de sofrimento.
Quando
o vento frio do sofrimento, aliado à chuva da desdita nos toca o rosto de forma
inclemente, aí então buscamos o colo do Pai, orando humildemente.
Até
então, corríamos felizes e despreocupados pelos vales floridos da vida,
acreditando sermos capazes de realizar tudo e qualquer coisa sozinha.
Quando
tudo está bem, imaginamos que a dor não nos tocará jamais.
Por
isso, displicentes, nós não estabelecemos contato com o Pai, pela prece.
Esquecemos
de agradecer pelo bem que usufruímos e pelas dádivas numerosas que nos são
ofertadas diária e constantemente.
Crianças
que se crêem auto-suficientes.
Seres
que ainda precisarão da dor a tocar-lhes as fibras mais sutis da alma para se
darem conta de sua pequenez e de quanto, ainda e sempre, necessitarão do amor e da bondade do Pai.
REFLEXÃO
Faça
da prece um meio de comunicação constante com o Criador. Não
são necessários versos decorados, nem fórmulas especiais para estabelecer esse
contato.
É
preciso apenas a vontade sincera e a concentração do pensamento no bem, para
que a sintonia se realize.
O
Pai está sempre em contato conosco. Compete-nos perceber Sua presença e
permitir-nos dividir com Ele todos os nossos momentos.
Eliane de Pádua |
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