Deveríamos
todos parecer flores no início da primavera.
A própria imagem da vida, abertos,
viçosos, esperançosos e sorridentes, muito sorridentes aos passantes.
Só
que a vida é um lutar constante.
Quando chegamos prontos para a batalha, não
sabemos ainda como serão as lutas, o que vão exigir o que vão tomar de nós.
E é
assim em várias áreas da nossa vida, que seja física, espiritual, amorosa, nos
nossos relacionamentos com os outros...
O
lutar nos cansa; as respostas que tardam a vir nos cansam, as esperanças
prorrogadas ao dia-a-dia podem tornar-se cansativas.
A fadiga chega, o desânimo
se apossa de nós e tira nossas forças.
A
fadiga psicológica é muito mais perigosa do que qualquer outra que venha tomar
conta de nós. Não basta uma noite de descanso ou uns dias de férias. Oxalá
fosse assim! Muitos dos nossos problemas seriam resolvidos a cada fim de
semana.
Quando
nos deparamos com uma situação em que não vê saída é inútil continuar se
debatendo, isso só vai aumentar o desânimo.
É
preciso em certos momentos deixar-se abandonar, não para desistir, mas para se
recuperar as forças, olhar com objetividade, dar-se a ocasião de reconhecer-se
fragilizado e humano e, por isso mesmo, igual a todo mundo. Há os que nunca
perdem a coragem e vontade de lutar, mas ainda não conheci alguém que nunca
tenha tido um momento, nem que seja um momento, de desânimo. E não é errado,
não é anormal.
É
apenas nosso ponto de limite e isso é muito individual, por isso nada de
comparações. Ninguém é melhor que ninguém por que parece mais forte e
resistente, as pessoas apenas são diferentes.
Jesus
chorou, mas não desistiu de Jerusalém. Ele pediu que o cálice fosse passado,
mas carregou a cruz e foi pregado nela.
Vocês
já observaram flores que ficam muito tempo sem água? Elas murcham, ficam
abatidas. Mas em geral é suficiente um copo de água fresca e logo depois elas
reerguem-se, como muitas quando recebem o sereno na madrugada. Chegam prontas
para enfrentar o dia. E é assim conosco.
Que
as lágrimas venham, venham sim!
E que venham os tempos de estia!
Mas que não
morramos de fraqueza, que a noite chegue trazendo o sereno, que a primavera
volte!
Quantas
e quantas vezes são suficientes levantar um pouco os olhos para ver que as
soluções estavam ao nosso alcance, e nós é que estávamos cansados demais para
procurar direito.
Disse
Jesus:
No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo! Eu venci o mundo.
E
se estamos em Cristo e Ele em nós, nenhum obstáculo será intransponível,
nenhuma estrada será longa demais.
Eliane de Pádua |
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