Fernando
Pessoa, o brilhante poeta português, escreveu certa feita:
Procuro
despir-me do que aprendi.
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me
ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar
minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me, e ser eu.
O
poeta, na ânsia de entender os porquês da vida, percebia que muito do que nos
falam, ensinam, mostram, funciona, aos poucos, como camadas de tintas, a nos
encobrir, a nos moldar.
Quantas
vezes ouvimos nos dizerem: emprego bom é emprego que paga bem, tentando nos
convencer que o valor do salário deva ser a preocupação número um na nossa vida
profissional.
Outras
tantas pessoas insistem em afirmar que importante é ter, possuir, gozar a vida
naquilo que brilha aos olhos.
Há
ainda, os que vivem pautados no egoísmo e autocentrismo, cuidando para que
tudo, a princípio, seja deles para, em segundo momento, ser para eles, e em um
terceiro momento, para os seus, jamais pensando no próximo ou na sociedade.
Frente
a tantas camadas de tintas que insistem em nos pintar, há que se perguntar: Por
quais valores devo me pautar? Como viver? Qual a melhor bússola para me guiar?
Inevitável,
para responder a essas perguntas, lembrarmo-nos de quem somos, de onde viemos e
para onde vamos.
É
inevitável esquecer que somos apenas um corpo material, que vivemos apenas essa
existência, e que todas as nossas experiências estão restritas entre o berço e
o túmulo de uma única vida. Há que se aprender que somos Espíritos eternos.
E
para aprender de um lado, há que se esquecer do outro.
Como nos ensina o
educador Rubem Alves, toda aprendizagem produz esquecimento.
Assim,
esqueça que lhe ensinaram que você está aqui a passeio. Esqueça que lhe fazem
crer que esta é sua única experiência. Esqueça que insistem em lhe convencer
que as coisas acontecem por mero acaso, sem uma ordem Divina.
REFLEXÃO
É
necessário esquecer essas ilusões que vivemos, para aprender que somos
Espíritos imortais, rumando à perfeição, construindo passo a passo nossa
estrada redentora de auto-iluminação.
É
necessário esquecer as ilusões que os sentidos e a memória nos provocam,
achando que nada houve antes do nosso nascimento.
É
necessário aprender que trazemos na nossa bagagem emocional e intelectual todas
nossas conquistas, felizes e infelizes, frutos de nossas próprias opções,
sendo, cada um de nós, herdeiro de si mesmo.
Nesse
exercício de esquecimento dessas ilusões, iremos aos poucos raspando a tinta
com que nos pintaram os sentidos, iremos desencaixotando nossas emoções
verdadeiras, desembrulhando-nos para, efetivamente, vivermos como Espíritos
imortais.
Viveremos
como quem não pertence a Terra, muito embora aqui estagie por um período,
entendendo que aqui estamos para aprender as coisas de Deus.
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