domingo, 23 de dezembro de 2012

Pés descalços





Paralisado e maravilhado diante daquela árvore de natal gigantesca, o menino de pés descalços, não sabia para onde olhar, eram tantas luzes piscando, como se fossem milhares de vaga-lumes na noite da floresta.

E a vitrine de brinquedos?

Cada um mais lindo que o outro.

Extasiado, o menino se via dirigindo aquele trenzinho e apitando em cada curva para cumprimentar cada vila e seus moradores.


O aviãozinho até voava sozinho, e ele imaginou-se em pleno ar, vendo as nuvens de algodão lá de cima.


O robô era o incrível, andava em passos desajeitados e de vez em quando falava, ele não conseguia ouvir o que o robô falava atrás da vitrine, mas percebeu que poderia ter um amigo para conversar, para não sentir tanto medo nas calçadas por onde dormia ao relento, e quem sabe, falar da fome que andava sentindo.


Pra que ele foi lembrar-se da fome?

Estava tão entretido com a beleza das lojas, que se aprontava para o natal, que até esqueceu-se daquela dor que incomodava a sua barriga... já nem se lembrava da última refeição...ah! Foi um pedaço de pastel na feira, onde aquele homem, depois de muita insistência, praticamente jogou o pedaço para ele, aquilo até fez mal, mas a fome é péssima conselheira.

Tinha que andar, tinha que conseguir algo para comer.

Foi diante do grande Outdoor, com a imagem de uma mulher muito bonita, que segurava em seus braços um menino lindo, que ele ficou parado, e lembrou-se do seu maior sonho.


Mais do que os brinquedos lindos, as luzes coloridas, a roupa mais bonita e até a comida mais saborosa, mais do que tudo, o menino de pés descalços sonhava em ter uma mãe, e lia bem no topo do cartaz:
Ela quer ser a sua mãe.



Infantilmente, dentro da sua inocência que ainda não havia sido roubada pela violência das ruas, uma lágrima rolou dos seus olhinhos apertados, e ele falou baixinho:
Você quer ser a minha mãe?


Ficou ali um bom tempo, olhando para o rosto de Nossa Senhora, que carregava o menino Jesus, que como ele, não tinha sapatos, nem casa, mas tinha o que ele mais desejava:
Família.


Ficou ali sem perceber que uma mulher de meia idade observava toda a cena e compadecida, se aproximou.

Bastaram poucas palavras, e ela pegou na sua mão e levou-o para a sua casa, onde agora, 15 anos depois, o menino se prepara para a sua formatura na faculdade.


Orgulhoso, se penteia diante do espelho, e não se assusta ao ver diante de si, o reflexo daquela imagem que um dia ele pediu para ter uma mãe, graças a ela, hoje ele tem mais do que uma casa, tem uma família, e pode dizer com alegria:
Mãe, eu te amo.

Que o seu Natal seja completo, mesmo que vazio de bens materiais, preenchido pelo espírito de Jesus!


Boas Festas!
Feliz Natal e um 
Próspero Ano Novo!

Eliane de Pádua

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