sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Os nós e nós




Quando queremos que alguma coisa fique
ancorada à nossa vida, fazemos de tudo para mantê-la presa a nós.



Criamos laços e os apertamos com toda nossa oração.


Os nós fazem parte de nós.

Infelizmente, nem tudo o que se apega a nós é bom e útil.

Se prezarmos ter laços afetivos e pedaços de memórias agarradas definitivamente à nossa pele, há aqueles nós que se apegam sem que nossa permissão seja pedida e sem que tenhamos forças para desatá-los.

Esses nós acompanham e nos adoecem.


Viver com nós na garganta, que não descem e nem saem, nos deixa deficiente.


Avançamos em algumas outras coisas, mas o não resolvido fica como um espinho na carne.



Aquilo que não conseguimos engolir é o perdão que não conseguimos oferecer, é o esclarecimento que nunca nos foi dado, são os porquês nunca respondidos.

A gente caminha, mas sente que algo ficou
para trás e muitas das dores de garganta que não conseguimos curar são emoções presas
das quais não soubemos nos livrar.

O que fica atravessado diante de nós é o peso que carregamos por vezes por anos e anos.



O dia bendito em que conseguimos colocar em 
palavras e lágrimas aquilo que nos ofendeu,
entrou em nós e ficou, e o sol desponta no horizonte como se fosse seu primeiro dia.



Ah, Deus, se tivéssemos sempre a coragem de abrir nosso coração e gritar nossa mágoa, quão mais leves e sãos poderíamos viver!


Por que esse medo de expor o que nos desagrada?



Por que temer ferir o outro quando estamos,
nós mesmos e inteiramente, sangrando?

Por que a felicidade alheia, se felicidade alheia há, é mais importante que a nossa?


Grandes partes dos nossos problemas, das nossas doenças até físicas, são faltas de comunicação.

Por que não dizemos, não passamos ao outro
o que sentimos, não falamos do sentimento
de injustiça que sentimos e do quanto isso nos abala.

Falar é importante.




No bom momento, claro, que com sabedoria
deve ser escolhido, mas é muito importante.
O que nós não dizemos, o outro não é obrigado a adivinhar e isso nós nunca podemos cobrar.

Os nós não resolvidos atam nossa vida a um
certo momento.




Não crescemos como convém e mesmo nosso
riso é sempre manchado por uma pinta de tristeza que traduz nosso olhar.

Quando sentiu que tinha que se revoltar no Templo, Jesus se revoltou, nenhuma palavra poupou;  quando a dor e tristeza foram  grandes demais no seu seio, Ele chorou;


Quando o cálice tornou-se por demais amargo, falou com o Pai...



A liberdade só nos chega quando liberamos nosso ser,  quando oferecemos ao outro o direito de ouvir, perdoamos o que deve ser perdoado e aceitamos o que deve ser aceito.


Se criarmos a coragem de desatar, devagar, certo, mas desatar, um a um os laços que
nos incomodam, nós liberamos uma a uma
as ansiedades, os males que nos doem
física e psicologicamente.



Nessas horas nosso coração bate de maneira diferente, respiramos mais ar puro e nossos olhos se abrem para novos horizontes.



Só um pequeno passo, muito de coragem e uma nova vida pode começar.


Eliane 
de Pádua


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