segunda-feira, 9 de julho de 2012

Educação


Minha educação depende da tua...

Um dia desses, lemos em um adesivo colado no vidro traseiro de um veículo a seguinte advertência:
Minha educação depende da tua.

Ficamos a imaginar qual seria o conceito de educação para quem pensa dessa forma.

Ora, se nossa educação dependesse dos outros, certamente seria tão instável quanto à quantidade de pessoas com as quais nos relacionamos.

Ademais, se assim fosse, não formaríamos jamais o nosso caráter. Seríamos apenas o resultado do comportamento de terceiros. Refletiríamos como se fôssemos um espelho.

A educação é a arte de formar caracteres, e, por conseguinte, é o conjunto de hábitos adquiridos.

Assim sendo, como fica a nossa educação se refletir tão somente o comportamento dos outros, como uma reação apenas?

O verdadeiro caráter é forjado na luta. Na luta por dominar as más tendências, por não revidar uma ofensa, por retribuir o mal com o bem.

Um amigo tinha o costume de dizer:

Bateu, levou.

Um dia perguntamos se ele admirava os mal-educados que tanto criticava.

Imediatamente ele se posicionou em contrário:

É claro que não!

Então questionamos outra vez:

Se não as admira, por que você as imita?

Ele ficou um tanto confuso, pensou um pouco e respondeu:

É... de fato deveríamos imitar somente o que achamos nobre.

Dessa forma, a nossa educação não deve jamais depender da educação dos outros, menos ainda da falta de educação dos outros.

Todos os ensinamentos do Cristo, a quem a maioria de nós diz seguir, nos recomendam apresentar a outra face.




Imaginemos se Jesus, o Mestre, tivesse nos ensinado: Se alguém te bater numa face, esmurra-lhe a outra. Ou então: Faz aos outros tudo aquilo que não desejas que te façam. Nós certamente não O aceitaríamos como Modelo e Guia.

Assim sendo, lutemos por nos educar segundo os preceitos do Mestre de Nazaré que, diante dos momentos mais dolorosos de Sua vida, manteve a calma e tolerou com grandeza todas as agressões sofridas.

Não espelhemos-nos que não são modelos nem de si mesmos.

Construamos o nosso caráter com os exemplos nobres.

Quando tivermos que prestar contas às Leis que regem a Vida, não encontraremos desculpas para a nossa falta de educação, nem poderemos jogar a culpa nos outros, já que Deus nunca deixou a Terra sem bons exemplos de educação e dignidade.




Não adotemos os costumes comuns que nada têm de normais.

O normal é cada um buscar a melhoria íntima com os recursos internos e externos que Deus oferece.


As rosas, mesmo com as raízes mergulhadas no estrume, se abrem para oferecer ao mundo o seu inconfundível perfume.


O sândalo, por ser uma árvore nobre, deixa suave fragrância impregnada no machado que lhe dilacera as fibras.

Assim, nós também podemos dar exemplos dignos de serem imitados.



Eliane de Pádua




sábado, 7 de julho de 2012

E Depois?




O ser humano é o único dotado de razão, por isso é chamado de racional.

Ser racional é raciocinar com sabedoria, é saber discernir, é pensar, utilizando o bom senso e a lógica antes de qualquer atitude.

Todavia, boa parte de nós não agimos com a sabedoria necessária para evitar problemas e dissabores perfeitamente evitáveis.

Costumeiramente, agimos antes e pensamos depois, tardiamente, quando percebemos que os resultados da nossa ação nos infelicitam.



Paulo, o Apóstolo, que tinha a lucidez da razão, adverte com sabedoria: "tudo me é lícito, mas nem tudo me convém".

Quis dizer com isso que tudo nos é permitido, mas que a razão nos deve orientar de que nem tudo nos convém.

Do ponto de vista físico, quando comemos ou bebemos algo que nos faz mal, não pensamos no depois, mas o depois é fatal.

Se nosso organismo é frágil a certos tipos de alimento, devemos pensar nas consequências antes de ingeri-los, mesmo que a nossa vontade diga o contrário.

Perguntemo-nos: e depois? Como será depois?



Lembremos-nos da gaseificação, do mal estar e de outros distúrbios que advirão.

Se tivermos vontade de fazer uso de drogas, sejam elas socialmente aceitas ou não, pensemos antes no depois. Será que suportarei corajosamente as enfermidades decorrentes desses vícios? Ou será um preço muito alto por alguns momentos de satisfação?



Quando sentimos vontade de usar o cartão de crédito, pela facilidade que ele oferece, costumamos pensar no depois? Pensar em como vamos pagar a conta?

Quando recebemos o convite das propagandas para o consumo desenfreado, ponderamos racionalmente sobre a necessidade da aquisição, ou compramos antes para constatar, logo mais, que não necessitamos daquele objeto?



No campo da moral não é diferente.

Quando surgir a vontade de gozar alguns momentos de prazer, pensemos: e depois?

Quais serão as consequências desse ato que desejo realizar? Será que as suportarei corajosamente, sem reclamar de Deus nem jogar a responsabilidade sobre os outros?

Certo dia, conversando com um fiscal aposentado, ouvimo-lo falar a respeito do vazio que sentia na intimidade e da consciência marcada pelos atos inconsequentes que praticara durante a vida.

Buscou, na atividade profissional, tirar proveito de todas as situações. Arranjava tudo com algum "jeitinho" e com muita propina, mas nunca havia pensado no depois.



...E o depois chegou. A velhice o alcançou como alcança as pessoas honestas, mas a sua consciência trazia um peso descomunal, e uma sensação desconfortável lhe invadia a alma.

Não conseguia olhar nos olhos dos filhos e netos, sem pensar no quanto havia sido inescrupuloso. Sem pensar no tipo de sociedade que havia construído para legar aos seus afetos.

Dessa forma, antes de tomar qualquer atitude, questionemos a nós mesmos: e depois?



Melhor que resistamos por um momento e tenhamos paz interior, do que gozar um minuto e ter o resto da vida para se arrepender.




Eliane de Pádua


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A dinâmica da vida




Você costuma aceitar sem dificuldade as novas ideias?

Sempre que uma ideia nova nos chega, é fácil aceitá-la, desde que não tenhamos que nos desfazer de uma ideia antiga.

A dinâmica da vida é evidente. Os progressos são alcançados em tempo recorde, e quem não os acompanha mais de perto, fica bem aquém da realidade.

Há alguns anos atrás, quando os computadores começaram a entrar no mercado brasileiro com toda a força, tiveram que travar árdua batalha com as tradicionais máquinas mecânicas.

Na realidade não foi a maquinaria o pior empecilho, mas as mentes daqueles que se recusavam a abandonar seus velhos hábitos.



Uma amiga contou-nos que, no seu escritório de contabilidade teve que enfrentar sérios problemas com alguns funcionários mais antigos, habituados com as velhas máquinas.

Não se sabe ao certo se esses funcionários tinham dificuldades em aceitar os novos hábitos ou se não queriam abandonar os velhos.

Há quase dois milênios as coisas não eram diferentes.



Quando Moisés, o grande legislador hebreu, trouxe ao mundo a ideia do Deus único, teve que enfrentar os reveses que as mentes empedernidas no politeísmo lhe impuseram.

Com Jesus Cristo não foi diferente. Ele, que era o Mensageiro da Boa Nova, enfrentou dificuldades das quais só fazemos vaga ideia.

Até os doutores da lei, à época, se faziam refratários às ideias do Sublime Galileu.

Encontramos até mesmo dentre os apóstolos, os que não conseguiam se livrar das velhas ideias, a fim de aceitar as novas ideias do Mestre de Nazaré.

Assim sempre foi desde que o mundo é mundo. Assim continuará sendo até que os homens se decidam por observar as novas e boas ideias que surgem em todos os campos do conhecimento humano.



Todavia, as ideias esdrúxulas e perniciosas não têm encontrado muita resistência nas mentes humanas. Seja porque vêm ao encontro das suas próprias ideias ou porque podem se somar a elas, sem que haja necessidade de substituição.

A verdade é que gostamos dos nossos "guardados", seja em gavetas ou armários ou nos escaninhos da nossa mente.

Mas, de vez em quando vale a pena fazer uma faxina, uma reciclagem, e verificar se não estamos guardando ideias inúteis ou ultrapassadas e resistindo a uma mudança de hábitos que poderia nos fazer mais feliz.

Para começar, que tal estudar com mais atenção à proposta de felicidade trazida por Jesus?

Em sua proposta, Ele diz que o reino dos céus está dentro de nós. Talvez valesse a pena começarmos por aí, através do autoconhecimento.


Jesus afirmou que conheceríamos a verdade e a verdade nos libertaria.

Sabemos que a verdade absoluta é Deus. Mas, buscando conhecer os mecanismos que regem a vida estaremos descobrindo, aos poucos, as verdades que nos libertam dos medos, das superstições e da falta de fé.


Eliane de Pádua


Um dever de consciência




Conta-se que foi manchete nas mídias, no ano de 2005, o fato de médicos e hospitais de vários municípios terem se recusado a fazer o abortamento em uma adolescente de 14 anos, apesar da autorização judicial que trazia consigo,

Segundo as notícias, a jovem disse que sua gravidez foi fruto de estupro e obteve do juiz a permissão para realizar o aborto, isentando médicos e hospitais que se dispusessem a eliminar a vida que pulsava em seu ventre.

Embora o juiz tenha autorizado o aborto, não lhe caberia o direito de obrigar ninguém a realizar o feito, pois nem sempre a legalidade de um ato o torna moral.



O que vale ressaltar na atitude desses médicos é a consciência do dever. O dever de defender a vida, assumido perante si próprio.

O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros.

Ao concluírem o curso os médicos fazem um juramento, o mesmo juramento feito por Hipócrates, um sábio grego que viveu no século V antes de Cristo, e é considerado o Pai da Medicina.

O juramento diz o seguinte:

Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza. Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra.



Ao fazer tal juramento, o médico passa a ter um dever moral consigo mesmo. E, se o violar, estará ferindo a própria consciência.

Ao se comprometer com esse ideal, o médico também estabelece o dever para com os outros, que é o segundo passo do dever ético-moral.

Lamentável é que muitos desses homens e mulheres que juraram, solene e livremente, que manteriam o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção, usem seus conhecimentos médicos para eliminar a vida que pulsa no santuário do ventre materno.

Por outro lado, é admirável a coragem e a honra desses homens e mulheres que não se permitem sujar as mãos com sangue inocente, mesmo sob qualquer pressão.

Isso porque sabem que, se agirem em desacordo com o juramento feito por livre vontade, não terá como se olhar no espelho da consciência e enxergar um cidadão honrado.



O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos atos mais elevados.

Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de cumprir-se, por se achar em antagonismo com as atrações do interesse e do coração. Não têm testemunhas as suas vitórias e não estão sujeitas à repressão suas derrotas.

O dever principia, para cada um de vós, exatamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; acaba no limite que não desejais ninguém transponha com relação a vós.



O dever é o mais belo laurel da razão; descende desta como de sua mãe o filho.

O homem tem de amar o dever, não porque preserve de males a vida, mal ao qual a humanidade não pode subtrair-se, mas porque confere à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.

O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores da Humanidade.

Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus.

Tem esta de refletir as virtudes do Eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer que a beleza da Sua obra resplandeça a seus próprios olhos.


Eliane de Pádua




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sexta-feira, 6 de julho de 2012

O Portal do Alvorecer


 

Caminha a humanidade, sedenta por consolo, em busca da paz e da realização. Passageiros sem rumo, iludidos pela sirene do condutor...
Não procuram compreender o caminho que se abre em meio à escuridão da noite.

Guiados apenas por uma tênue luz, esses homens sentem, em cada passo dessa estrada, uma nova esperança. Não recuaram porque acreditam no hoje. Já aprenderam que o passado são pegadas nas areias da ilusão da mente. Não se apegam ao futuro, pois sabem que ele ainda é incerto e confiam no aqui e no agora.

São filhos da luz e já compreenderam o objetivo que os trouxe à Terra.

Esses serem deixaram suas gavetas lotadas de papéis antigos, amarelados pelo tempo. Deixaram sobre a mesa, seu livro, o mais sagrado livro segundo o qual, por muito tempo, foram condicionados a viver.


Foram homens cegos, viveram a vida dos mitos, das ilusões, dos ídolos e das palavras. Sofreram no silêncio das suas dúvidas mas, um dia, guiados por mãos invisíveis, resolveram fechar o livro da vida eterna e buscar a verdadeira vida que, insistentemente, teimava em surgir das profundezas dos seus eu’s.

Relutaram... ainda se sentiam fortemente atados à correntes mentais impostas por todos os ídolos das suas existências passadas. Mas aceitaram, ainda que com muita dificuldade. Andando metros, milímetros apenas, mas firmes, seguros, confiantes no guia maior: a consciência unida à razão, o amor unido à fé.


A liberdade está aí, clamando, chamando com insistência para que cada um desperte para a vida, a vida eterna da sabedoria divina.

Mas é preciso libertarmo-nos do passado, abrirmos nossas gavetas e jogarmos fora os papéis antigos e amarelados, deixando o novo fazer parte da nossa existência.

A verdadeira pureza é a vida vivida em sua plenitude. É deixarmos o amor fluir em cada gesto, em cada atitude.


A verdadeira pureza está na sua capacidade de perdoar e de amar o próximo, sem sentir-se bom demais por isso. Isso o levará à liberdade, ao encontro consigo mesmo.

Entre por esse portal em paz, e sinta a brisa do amanhecer envolvê-lo em luz e amor.



Eliane de Pádua


Amor e inteligência




A religiosidade é inerente ao homem.

Sob as mais diversas formas e em todas as épocas, a Humanidade procurou relacionar-se com a Divindade.

Por muito tempo imperou a ideia de que Deus deveria ser temido.

O Criador era apresentado, por muitas tradições, como cioso e vingativo.

Jesus reformulou esse conceito, ao falar em um Pai amoroso e justo.

Convidado a indicar o maior mandamento da Lei Divina, Ele sentenciou: 


Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o Espírito.


E também amar ao próximo como a si mesmo.

É interessante anotar que, ao invés de um, o Cristo apresentou, de uma vez, dois mandamentos.

Um fala em amor a Deus e o outro em amor ao próximo.

Isso prova que tais comandos são entrelaçados.

O amor ao próximo complementa o amor a Deus e vice-versa.

Segundo o Mestre Nazareno, Deus deve ser amado com todo o coração, toda a alma e todo o Espírito.

Percebe-se ser esse amor algo muito intenso e profundo, que reclama a criatura por inteiro.

O sentimento por si só não basta.

Quando se quer enfatizar o aspecto emocional, fala-se em coração.

Mas à Divindade não se deve dar apenas o coração.

Todo o Espírito necessita estar empenhado nessa relação.

Segundo o dicionário, um dos significados de Espírito é o conjunto das faculdades intelectuais.

Cuida-se de uma acepção até certo ponto comum.

Muitas vezes se afirma que uma pessoa tem espírito.

Essa expressão indica que ela é inteligente, perspicaz, possui raciocínio rápido.

Conclui-se que o amor a Deus envolve razão, discernimento, intelecto.

O Espiritismo ensina que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

Não se trata de uma personalidade, à semelhança dos homens, mas de uma Consciência Cósmica.

O apreço por uma personalidade humana, frequentemente vaidosa, pode ser demonstrado por gestos exteriores.

Em relação à Consciência Cósmica, despida de características humanas, isso não se dá.



Como Deus é a Inteligência Suprema do Universo, o amor por Ele implica o esforço por desenvolver a própria inteligência.

Assim, a religiosidade é incompatível com o cultivo deliberado da ignorância.

Deus brindou Suas criaturas com dons maravilhosos, os quais precisam ser valorizados.

O dom que distingue os homens do restante da Criação é a sua intelectualidade desenvolvida, a sua razão.

O amor a Deus pressupõe respeitar o Mundo e os seres que Ele criou.

E também, logicamente, o esforço para entender esse Mundo e as leis que o regem.



Tudo no Universo é progresso e metamorfose.

Espécies animais e vegetais, as sociedades e as leis humanas, tudo se altera e aperfeiçoa.

O papel de cada homem é colaborar nesse processo de aprimoramento.

Para isso, necessita burilar seu intelecto.

Ao crescer em entendimento e compreensão, enche-se de admiração pela grandeza e pela sabedoria Divinas.

Mas o amor ao próximo complementa o amor a Deus.

As faculdades desenvolvidas pelo estudo e a observação devem ser utilizadas em benefício do semelhante.

Assim, para bem cumprir o mandamento do amor, procure desenvolver sua inteligência.

Estude uma língua, faça um curso, leia um livro, ilustre-se.

Encante-se com as maravilhas que o cercam.

E utilize seus talentos em favor do próximo.




Eliane de Pádua


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Onde está o essencial?




A mulher entrou no consultório do psicoterapeuta e se sentou.

Antes de começar a falar, já chorava.

Quando finalmente conseguiu parar de soluçar, disse:

"Estou sozinha. Meu marido me largou há dois meses. Viajei, pensando que esqueceria, mas não consigo esquecer."

Ele é um ingrato. Afinal, eu lhe dei os melhores anos de minha vida. Eu lhe dei filhos lindos. Eles sempre estavam prontos, bem vestidos e penteados, com as mochilas às costas, na hora de ir para a escola.

Sempre tive a refeição pronta quando ele chegava, não importando a hora. Sempre recebi os amigos dele. Sempre fui a todos os lugares com ele, mesmo que não gostasse. Sempre sorri, para que todos soubessem que ele tinha uma esposa feliz.


Dei-lhe uma casa maravilhosa. Nunca permiti que existisse pó sobre os móveis. Sempre tive o máximo de cuidado com os lençóis para que estivessem brancos, bem passados, perfumados.



E agora, isso! “Ele conheceu uma mocinha no escritório, se apaixonou por ela e me deixou."


O psicoterapeuta olhou para ela e lhe perguntou: "E o que é que você deu de você para ele?"

Ela não entendeu. Sim, durante anos ela o servira como cozinheira, arrumadeira, babá dos filhos dele. Mas nunca se lembrara de que era a esposa, a companheira, a amiga.

Naturalmente, ter a casa arrumada, lençóis limpos, crianças alinhadas e prontas é importante. Mas não é tudo. Mesmo porque, algumas dessas tarefas podem ser delegadas a terceiros.

Uma refeição pode ser conseguida em um restaurante, roupas limpas na lavanderia, a casa pode ser limpa pela faxineira.

Mas o carinho de uma esposa não se compra. Espera-se, simplesmente, como a esposa aguarda o do marido.

Mais importante do que a casa sem pó, é um sorriso e um abraço de ternura quando os dois se encontram.

Mais importante do que o tapete exatamente no lugar e todos os enfeites bem dispostos sobre os móveis, é uma mão que aperta a outra com força.

É a companhia agradável de quem se senta ao lado, olha nos olhos e descobre que o outro teve um dia terrível.

Um confia ao outro as suas dificuldades e suas ansiedades, encontrando aconchego mútuo.

Amar é dar-se, é confiar.

Olhar juntos para os filhos que crescem e vão se tornando independentes.



Lembre-se:
O mais importante são as pessoas. De que adianta a casa, o carro, as joias se não houver pessoas para partilhar com você? Entre as pessoas existem aquelas que dependem do nosso afeto. Por isso, não se canse de amar. Olhe para as pessoas. Preste atenção nas suas palavras, gestos, olhares, sentimentos. Em especial aquelas que compartilham com você do mesmo teto, pois são as que mais necessitam do seu amor.


 Eliane de Pádua

Força e coragem




Você se considera uma pessoa de coragem?

E, se tem coragem, também tem força o bastante para suportar os desafios da caminhada?

Em muitas ocasiões da vida, não sabemos avaliar o que realmente necessitamos: se de força ou de coragem.

E há momentos em que precisamos das duas virtudes conjugadas.

Há situações que nos exigem muita força, mas há horas em que a coragem se faz mais necessária.



Eis aqui alguns exemplos:

É preciso ter força para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil.

É preciso ter força para se defender, mas é preciso coragem para não revidar.

É preciso ter força para ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para se render.

É preciso ter força para estar certo, mas é preciso coragem para admitir a dúvida ou o erro.

É preciso ter força para manter-se em forma, mas é preciso coragem para ficar de pé.

É preciso ter força para sentir a dor de um amigo, mas é preciso coragem para sentir as próprias dores.

É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los.

É preciso ter força para suportar o abuso, mas é preciso coragem para fazê-lo parar.

É preciso ter força para fazer tudo sozinho, mas é preciso coragem para pedir apoio.

É preciso força para enfrentar os desafios que a vida oferece, mas é preciso coragem para admitir as próprias fraquezas.

É preciso força para buscar o conhecimento, mas é preciso coragem para reconhecer a própria ignorância.

É preciso força para lutar contra a desonestidade, mas é preciso coragem para resistir às suas investidas.

É preciso força para enfrentar as tentações, e é preciso coragem para não cair nas suas armadilhas.

É preciso ter força para gritar contra a injustiça, mas é preciso muita coragem para ser justo.

É preciso força para pregar a verdade, mas é preciso coragem para ser verdadeiro.

É preciso força para levantar a bandeira da paz, mas é preciso coragem para construí-la na própria intimidade.

É preciso ter força para falar, mas é preciso coragem para se calar.

É preciso força para lutar contra a insensatez, mas é preciso coragem para ser sensato.

É preciso ter força para defender os bens materiais, mas é preciso coragem para preservar o patrimônio moral.

É preciso ter força para amar, mas é preciso coragem para ser amado.

É preciso ter força para sobreviver, mas é preciso coragem para aprender a viver.



Enfim, é preciso ter muita força para enfrentar as batalhas do dia-a-dia, mas é preciso muita coragem moral, para vencer-se a si mesmo.

Força e coragem: duas virtudes com as quais podemos conquistar grandes vitórias. E a maior delas é a vitória sobre as próprias imperfeições.



A coragem de vencer-se antes que pretender vencer o próximo, de desculpar antes que esperar ser desculpado e de amar apesar das decepções e desencantos, revela o verdadeiro cristão, o legítimo homem de valor.

Por essa razão a coragem é calma, segura, fonte geradora de equilíbrio que alimenta a vida e eleva o ser aos altos cumes da glória e da felicidade total.
Eliane de Pádua