segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Procura-se um Amigo


"Quando meu amigo está infeliz, vou ao seu encontro; 
quando está feliz, eu o espero."
Henri-Frédéric Amiel




No mural de avisos da empresa, alguém colocou um papel escrito em letras grandes, que dizia: 

"Procura-se um amigo.


Não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimento, ter coração. 

Precisa saber falar e saber calar no momento certo; sobretudo, saber ouvir.

Deve gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, do sol, da lua, do canto dos ventos e do murmúrio das brisas.

Deve sentir amor, um grande amor por alguém, ou sentir falta de não tê-lo.

Deve amar o próximo e respeitar a dor alheia. 

Deve guardar segredo sem sacrifício.

Não precisa ser puro, nem totalmente impuro, porém, não deve ser vulgar.

Deve ter um ideal e sentir medo de perdê-lo; se não for assim, deve perceber o grande vazio que isso deixa.

Precisa ter qualidades humanas; sua principal meta deve ser a de ser amigo; deve sentir piedade pelas pessoas tristes e compreender a solidão.

Que ele goste de crianças e lastime as que não puderam nascer e as que não puderam viver. 

Que goste dos mesmos gostos; que se emocione quando chamado de amigo; que saiba conversar sobre coisas simples e de recordações da infância.

Precisa-se de um amigo para se contar o que se viu de belo e triste durante o dia, das realizações, dos sonhos e da realidade.

Deve gostar de ruas desertas, de poças d’água, de beira de estrada, do cheiro da chuva e de se deitar no capim orvalhado.

  • Precisa-se de um amigo que diga que a vida vale a pena, não porque é bela, mas porque já se tem um amigo.

  • Precisa-se de um amigo para não se chorar, para não se viver debruçado no passado.

  • Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro, sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo. 

  • Precisa-se de um amigo que creia em nós.

  • Precisa-se de um amigo para se ter consciência de que ainda se vive.


Há, no mundo moderno, muita falta de amizade. 

O egoísmo afasta as pessoas e as isola.

Contudo, não se pode viver sem amigos. 

Eles são a margem branda no deserto das dificuldades.

São eles que nos oferecem o coração que compreende e perdoa, nas horas mais amargas da vida.

Sustentam-nos na fraqueza e nos libertam nos momentos de dor.

Quando a discórdia nos atinge, são eles que estendem os recursos da amizade leal, confortando-nos a alma.

Discretos, os amigos se apagam para que brilhem aqueles a quem se afeiçoam.


Reflexão.

A amizade é o sentimento que imanta as almas umas às outras, gerando alegria e bem-estar. É suave expressão do ser humano que necessita intercambiar as forças da emoção. Portadora de paz e alegria, a amizade é presença fundamental nos amores de profundidade. Quando a desilusão apaga o fogo dos desejos nos grandes romances, os laços da união não se rompem, se existe amizade. E, quando os impulsos sexuais do amor passam, a amizade fica, porque as suas raízes se encontram firmadas no afeto seguro, nas terras da alma.


Eliane de Pádua

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