sexta-feira, 30 de novembro de 2012

DNA do Criador




De todas as opções que a vida oferece a cada passagem de tempo, aquela que nos obriga a parar e pensar naquilo que estamos fazendo, é a mais sábia ferramenta de mudança que possuímos.


Ora, enquanto é dia, caminhamos sem dificuldades, enquanto somos jovens, comemos de tudo, bebemos até ultrapassarmos os limites que não temos, as drogas são experimentadas como se fossem balas de açúcar, os desatinos se seguem, as paixões se sucedem, quebramos a cara, sofremos, choramos.


Chega então àquela hora,  em que acreditamos ter  chegado ao fundo do poço, onde deixamos de reclamar dos outros,  de delegar problemas, e reconhecemos as nossas dificuldades, nossos erros.


Momento de reflexão...

Em qualquer momento onde a dor nos faça companhia, não é sábio se fazer de vítima, nem tampouco, se apresentar como sofredor  martirizado, como aquele que cansado, deixa de lutar!

Pelo contrário, é tempo de encarar nossas falhas, sem as lentes coloridas dos  "amigos" que sumiram, do mundo que é cheio de "pseudo - caminhos fáceis", onde a entrada é sempre florida, e a saída, quando aparece, é cercada de espinhos.

Faça-se forte!

Reconheça-se capaz de vencer qualquer obstáculo, e se não der para ir por esta rua, vá por aquela.


Se não pode ser pelo morro, vá pelo mato, ande na areia, na grama, no barro, mas, não pare, não desista de você.


A vida é benção sem medidas, presente que não se compara, e você, alma querida,  é semente cheia de frutos, armazenados em seu íntimo com muito amor.



Não se esqueça nunca:


Você tem o DNA do seu Criador.

E Deus..., 

Deus é amor.




Eliane de Pádua



Mundo descartável




Cuidado!

Estamos vivendo o tempo do descartável.

E em nome de uma vida agitada, onde não temos tempo para quase nada, estamos nos descartando de coisas muito importantes.

Tratando quase tudo como descartável e supérfluo.

Nações mais ricas já viveram isso fortemente, e hoje andam pagando um preço enorme pelo descarte louco dos seus bens.

Trocavam tudo da noite para o dia pelo modelo mais novo.

Não precisavam de uma televisão nova, mas inventaram uma mais fina.






A moda ditando regras, faz as pessoas vestirem roupas ridículas como se fosse de gala.

A propaganda induzindo pessoas a beberem, fumarem, morrerem...

E assim, seguimos, jogando fora o que nos faltará logo mais.

Cuidado!

Estamos tornando tudo muito descartável.





O beijo na boca hoje é em série.


Sexo é tão banal desde os 14, 15 anos, ou ainda menos.

Noivado é quase conto de fadas.


Casamento um evento social que pode ser repetido várias vezes.

Criar filhos é quase sempre encher-lhes de porcarias, ou deixá-los em algumas dezenas de cursos, a maioria inútil.

Amizade sincera é contada nos dedos.


Gente que lava uma louça e arruma uma cama, cozinha um feijão, está quase tão raro quanto ver educação nas ruas.

Gentileza então, anda perdida em alguma sala de aula no passado.

As escolas, cada dia mais inúteis no processo de ensinar, apenas enchendo linguiça, que não tem mais trema!





E eu tremo de medo de ver onde vai dar isso.

Precisamos de compromissos!

Precisamos criar filhos que respeitem o próximo.





Que saibam o valor da roupa que vestem.

Que não se percam no mundo virtual, quando há um mundo gritando por socorro, o mundo real.

Que no final de tudo, é o que nos espera.

O amor não pode ser descartável.


Que não troquem de pessoas como se fosse a camiseta velha.

O respeito não é descartável.

O desejo não pode ser mundano.



A cobiça não pode ser alimentada.

A vida deve ser valorizada.

E tudo começa em você.

O que você vai fazer para fazer melhorar este mundo?

Não espere por mim. 
Não espere por ninguém.

Simplesmente faça!

Só assim, o mundo será aquilo que todos desejamos:

- um pouco melhor que ontem e muito melhor amanhã.

O mundo conta com você...


Eliane 
de Pádua


Você pode




Você pode estar se sentindo espremido (a), louco para isolar-se de tudo e de todos, chateado com tantas coisinhas, que juntas, perturbam a nossa paz.

Acreditando até que anda numa fase muito ruim.

Que tudo para você dá errado e pior:

- Que a felicidade não é para você.

Não acredite nisso!

A felicidade é um bem que se conquista e está disponível.
Sempre que alguém acredita e vai a luta.

Por isso, relaxe e ria!



Se não dá para sorrir, vamos rir.

Rir de nós mesmos, das coisas engraçadas que fazemos.

Das besteiras que pensamos e até cometemos.

Mesmo que você esteja se sentindo assim, digamos,
meio estranho:

Ainda assim, a vida é bela e só pede uma fita amarela para enfeitar nossos sonhos e recomeçar na estrada
que escolhermos.


E esse é o grande barato da vida.

Nós podemos escolher o caminho que queremos seguir.

Nesse momento, ele pode estar cheio de espinhos, mas nada impede você de plantar rosas e frutos.

Pois o mundo é redondo e sempre volta ao mesmo ponto.

E na sua volta, encontrará de pronto, um caminho florido.

Cheio de frutos e sabores que você plantou.


A esperança é essa menina que estende a mão com um sorriso, e te pede apenas:

Não desista de você!



Eliane de Pádua



Texto: PRG

Os nós e nós




Quando queremos que alguma coisa fique
ancorada à nossa vida, fazemos de tudo para mantê-la presa a nós.



Criamos laços e os apertamos com toda nossa oração.


Os nós fazem parte de nós.

Infelizmente, nem tudo o que se apega a nós é bom e útil.

Se prezarmos ter laços afetivos e pedaços de memórias agarradas definitivamente à nossa pele, há aqueles nós que se apegam sem que nossa permissão seja pedida e sem que tenhamos forças para desatá-los.

Esses nós acompanham e nos adoecem.


Viver com nós na garganta, que não descem e nem saem, nos deixa deficiente.


Avançamos em algumas outras coisas, mas o não resolvido fica como um espinho na carne.



Aquilo que não conseguimos engolir é o perdão que não conseguimos oferecer, é o esclarecimento que nunca nos foi dado, são os porquês nunca respondidos.

A gente caminha, mas sente que algo ficou
para trás e muitas das dores de garganta que não conseguimos curar são emoções presas
das quais não soubemos nos livrar.

O que fica atravessado diante de nós é o peso que carregamos por vezes por anos e anos.



O dia bendito em que conseguimos colocar em 
palavras e lágrimas aquilo que nos ofendeu,
entrou em nós e ficou, e o sol desponta no horizonte como se fosse seu primeiro dia.



Ah, Deus, se tivéssemos sempre a coragem de abrir nosso coração e gritar nossa mágoa, quão mais leves e sãos poderíamos viver!


Por que esse medo de expor o que nos desagrada?



Por que temer ferir o outro quando estamos,
nós mesmos e inteiramente, sangrando?

Por que a felicidade alheia, se felicidade alheia há, é mais importante que a nossa?


Grandes partes dos nossos problemas, das nossas doenças até físicas, são faltas de comunicação.

Por que não dizemos, não passamos ao outro
o que sentimos, não falamos do sentimento
de injustiça que sentimos e do quanto isso nos abala.

Falar é importante.




No bom momento, claro, que com sabedoria
deve ser escolhido, mas é muito importante.
O que nós não dizemos, o outro não é obrigado a adivinhar e isso nós nunca podemos cobrar.

Os nós não resolvidos atam nossa vida a um
certo momento.




Não crescemos como convém e mesmo nosso
riso é sempre manchado por uma pinta de tristeza que traduz nosso olhar.

Quando sentiu que tinha que se revoltar no Templo, Jesus se revoltou, nenhuma palavra poupou;  quando a dor e tristeza foram  grandes demais no seu seio, Ele chorou;


Quando o cálice tornou-se por demais amargo, falou com o Pai...



A liberdade só nos chega quando liberamos nosso ser,  quando oferecemos ao outro o direito de ouvir, perdoamos o que deve ser perdoado e aceitamos o que deve ser aceito.


Se criarmos a coragem de desatar, devagar, certo, mas desatar, um a um os laços que
nos incomodam, nós liberamos uma a uma
as ansiedades, os males que nos doem
física e psicologicamente.



Nessas horas nosso coração bate de maneira diferente, respiramos mais ar puro e nossos olhos se abrem para novos horizontes.



Só um pequeno passo, muito de coragem e uma nova vida pode começar.


Eliane 
de Pádua


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Um coração solidário


Mundo Digital


O progresso tecnológico trouxe para a humanidade uma série de benefícios, isso é indiscutível.

Por um lado isso é bom, mas por outro, deixa as pessoas menos sensíveis, menos humanas, mais indiferentes.


As instituições seguiram pelo mesmo caminho, e foram se tornando frias, embora eficientes.

Mas esse problema não passou despercebido aos olhos do jovem psicólogo.

 

Ele estava sempre disposto a entender quando as pessoas precisavam dele para dividir suas dores. 

E compreendia também que nem sempre falar é a melhor solução.


Conta ele que, logo que iniciou sua carreira profissional, numa clínica de orientação para crianças, certo adolescente chegou para vê-lo.

Ele foi até à recepção e percebeu o rapaz que andava de um lado para o outro, agitado e assustado.

Levou-o até sua sala e lhe indicou a cadeira do outro lado da mesa.

Era fim do outono. 

A árvore em frente à janela não tinha folhas.


Sente-se disse ao jovem.

Divino vestia uma capa preta impermeável, abotoada até o pescoço.

O rosto estava pálido. 

Torcia as mãos com nervosismo e olhava fixamente para os pés.

Seu pai falecera quando era bebê. 

Foi criado pela mãe e pelo avô. 

Mas no ano anterior, quando Divino tinha 13 anos, o avô faleceu e a mãe morreu num acidente de carro.

Agora, com 14 anos, estava em tratamento.



O diretor da escola o havia encaminhado, com um bilhete: "esse garoto encontra-se muito triste e deprimido, o que é bastante compreensível. No entanto, ele se recusa a falar com quem quer que seja. Estou muito preocupado. Você pode ajudar?"

O jovem psicólogo olhou para o garoto. 

Como poderia ajudá-lo? 


Há tragédias humanas para as quais a psicologia não tem respostas, para as quais não há palavras.

Às vezes, ouvir com toda a atenção e sentimento é o mais apropriado, pensou.

Nas duas primeiras visitas Divinas não falou. 

Afundado na cadeira, só levantava os olhos para fixá-los nos desenhos infantis que decoravam a parede.




Quando Divino saía do consultório, após a segunda sessão,  o doutor colocou a mão sobre o seu ombro. O garoto parou. 

Não se retraiu, mas, ainda assim, não olhou para ele.

Venha na próxima semana, se quiser, disse. 

Fez uma pausa e acrescentou: 
"sei que é doloroso."


 Divino veio e de imediato o doutor sugeriu que jogassem xadrez.

O rapaz fez que sim com a cabeça.

Os jogos de xadrez continuaram todas as quartas-feiras à tarde, em silêncio total e sem contato visual da parte do garoto.



Embora não seja fácil trapacear no xadrez, o médico sempre fazia de tudo para que Divino ganhasse uma ou duas vezes.

O menino chegava cedo, procurava o tabuleiro e as peças na estante. Começava a arrumá-las antes mesmo que o médico sentasse. Parecia estar gostando da ideia. Mas por que nunca me olhava? Pensava.

Talvez ele precise simplesmente de alguém com quem dividir a dor. 

Talvez sinta que respeito à dor dele. 

Concluiu.



Numa tarde, quando o inverno dava lugar à primavera, Divino tirou a capa e a colocou nas costas da cadeira.

Enquanto arrumavam as peças do jogo de xadrez, seu rosto parecia mais animado, os movimentos mais vivos.

Alguns meses depois, quando flores já recobriam a árvore lá fora, médico olhava Divino enquanto ele se inclinava sobre o tabuleiro. 

Pensava que pouco se sabe sobre terapia, sobre os misteriosos processos de cura.



De repente, o garoto levantou os olhos e disse: 
"sua vez."

Depois disso, Divino começou a falar. 

Fez amigos na escola e entrou para o clube de ciclismo.

Um dia chegou um cartão postal de Divino que dizia: "estou passeando de bicicleta com amigos e me divertindo muito."

Tempos depois médico recebeu uma carta em que Divino falava que pretendia ir para a universidade.

O médico ofereceu algo a Divino, mas certamente aprendeu como o tempo pode tornar possível superar o que parece dolorosamente insuperável.



Aprendeu, ainda, como estar lá quando alguém precisa dele. E que se pode entrar em contato com outro ser humano sem usar palavras. 

Só é preciso um abraço, um toque gentil, um ouvido atento, um coração solidário.


O mundo depois de nós tem que ser melhor, porque caminhamos sobre ele. Se não pudermos ser um sol esplendoroso, contentemo-nos em ser um simples vaga-lume. 

O importante é iluminar.

Eliane de Pádua