sábado, 29 de setembro de 2012

As Aparências Enganam



Num orfanato, igual a tantos outros que existem por toda parte, havia uma pobre órfã, de oito anos de idade.

Era uma criança lamentavelmente sem encantos, de maneiras desagradáveis, evitada pelas outras, e francamente malquista pelos professores. 

  

Por essa razão, a pobrezinha vivia no maior isolamento. 

Ninguém para brincar, ninguém para conversar...

Sem carinho, sem afeto, sem esperança... 

Sua única companheira era a solidão.


O diretor do orfanato aguardava ansioso uma desculpa legítima para livrar-se dela.

E um dia apresentou-se, aparentemente, uma boa desculpa.

A companheira de quarto da menina informou que ela estava mantendo correspondência com alguém de fora do orfanato, o que era terminantemente proibido.

- Agora mesmo, disse a informante, ela escondeu um papel numa árvore.

O diretor e seu assistente mal puderam esconder a satisfação que a denúncia lhes causara.

Vamos tirar isso a limpo agora mesmo, disse o superior.

E, somando-se ao assistente, pediu para que a testemunha do delito os acompanhasse a fim de lhes mostrar a prova do crime.

Dirigiram-se os três, a passos rápidos, em direção à árvore na qual estava colocada a mensagem.

De fato, lá estava um papel delicadamente colocado entre os ramos.

 
O diretor desdobrou, ansioso, o bilhete, esperando encontrar ali a prova de que necessitava para livrar-se daquela criança tão desagradável aos seus olhos. 
 
Todavia, para seu desapontamento e remorso, no pedaço de papel um tanto amassado, pôde ler a seguinte mensagem: 

A qualquer pessoa que encontrar este papel: "Eu gosto de você"
 
Os três investigadores ficaram tão decepcionados quanto surpresos com o que leram. 
 
Decepcionados porque perderam a oportunidade de livrar-se da menina indesejável, e surpresos porque perceberam que ela era menos má do que eles próprios. 

 
REFLEXÃO
 
Quantos de nós costumamos julgar as pessoas pelas aparências, embora saibamos que estas são enganadoras. 
 
E o pior é que, se as aparências não nos agradam, marcamos a pessoa e nos prevenimos contra ela e suas atitudes. 
 
Uma antiga e sábia oração dos índios Siuox, "roga a Deus o auxílio para nunca julgar o próximo antes de ter andado sete dias com as suas sandálias". 


 

Isto quer dizer que, antes de criticar, julgar e condenar uma pessoa, devemos nos colocar no seu lugar e entender os seus sentimentos mais profundos. 
 
Aqueles que talvez ela queira esconder de si mesma, para proteger-se dos sofrimentos que a sua lembrança lhe causaria.

Eliane de Pádua

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