Sobre o queremos...
É sempre claro o fato de que as pessoas não sabem o que
querem da vida, da família, do trabalho, de seus amores e de seus amigos.
Muitas parecem ser levadas pela vida, como uma enxurrada leva
à deriva as folhas caídas das árvores.
Tomam a vida como se fosse algo sobre o qual não tivessem o
poder de decidir, de deliberar, de escolher.
É como se tudo ocorresse de modo que a pessoa não pudesse ser
responsabilizada pelas consequências das coisas, é como se tudo lhe fosse
alheio enquanto ela somente vive.
Este tipo de pessoa frequentemente reclama de tudo e de
todos, questiona os outros, mas nunca questiona a si mesma sobre o que
realmente quer, sobre qual seria seu objetivo maior nesta vida.
Cabe a todos nós questionarmos a nós mesmos sobre o que
queremos (de um modo geral) e que seja válido para toda a vida, para todas as
pessoas, em qualquer tempo e lugar.
Olhar para dentro, retornar a si mesmo não é uma tarefa
fácil, pois exige esforço, tempo, paciência, sabedoria e pode também trazer
sofrimentos à luz da consciência.
Mas tudo isto se faz necessário em nosso desenvolvimento
enquanto seres conscientes de si, sendo parte do caminho para descobrirmos o
que queremos de verdade.
Devemos ter em mente que tratamos aqui de uma questão que se
enquadra mais no âmbito metafísico, filosófico, do que no âmbito material, isto
é, não questionamos aqui quais são os objetos que queremos adquirir, mas o que
queremos de nós mesmos, o que queremos do mundo, das vidas das outras pessoas.
Nossa escolha deve ser feita de modo que se todos no mundo
escolhessem o mesmo que nós, a escolha seria válida, verdadeira, boa a todos no
mundo.
Devemos, sim, fazer a viagem ao árido deserto que temos em
nós, descobrir nossos limites, nossos reais valores, nossas qualidades e
defeitos, para enfim escolher o que se quer.
O mundo estaria bem melhor se cada um escolhesse querer
melhorar a si mesmo e a ajudar ao outro, por exemplo.
Não somos folhas à deriva sendo levadas na enxurrada, somos
seres pensantes capazes de escolher, pensar, refletir sobre o que queremos.
Olhar para dentro, escutar seus pensamentos e sentimentos e
intuições são o primeiro passo para a felicidade, para a vida ser leve e não um
fardo a ser levado.
Somos sempre livres para escolher o que querer, e o que
fazer, pois podemos deliberar e pesar nossas escolhas.
Por este motivo, tudo o que se passa em nossa vida é de
nossa inteira responsabilidade!
Em algum momento, mesmo sem nos darmos conta claramente,
escolheremos querer ou não, fazer ou não.
Sempre seremos responsáveis pelo curso de nossa vida e nunca
o são os outros, do mesmo modo que não somos responsáveis pelas escolhas
alheias.
Sei que falar tais pensamentos de forma tão direta pode
parecer agressivo, estranho...
Contudo, o que importa não é a veracidade, agressividade ou
estranheza destas palavras, e sim a viagem a nosso interior que nos leva a
escolher o que querer.
Eliane de Pádua
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