Paralisado e maravilhado diante
daquela árvore de natal gigantesca, o menino de pés descalços, não sabia para
onde olhar, eram tantas luzes piscando, como se fossem milhares de vaga-lumes na
noite da floresta.
E a vitrine de brinquedos?
Cada um mais lindo que o outro.
Extasiado, o menino se via dirigindo
aquele trenzinho e apitando em cada curva para cumprimentar cada vila e seus
moradores.
O aviãozinho até voava sozinho, e ele
imaginou-se em pleno ar, vendo as nuvens de algodão lá de cima.
O robô era o incrível, andava em
passos desajeitados e de vez em quando falava, ele não conseguia ouvir o que o
robô falava atrás da vitrine, mas percebeu que poderia ter um amigo para
conversar, para não sentir tanto medo nas calçadas por onde dormia ao relento,
e quem sabe, falar da fome que andava sentindo.
Pra que ele foi lembrar-se da fome?
Estava tão entretido com a beleza das
lojas, que se aprontava para o natal, que até esqueceu-se daquela dor que
incomodava a sua barriga... já nem se lembrava da última refeição...ah! Foi um
pedaço de pastel na feira, onde aquele homem, depois de muita insistência,
praticamente jogou o pedaço para ele, aquilo até fez mal, mas a fome é péssima
conselheira.
Tinha que andar, tinha que conseguir
algo para comer.
Foi diante do grande Outdoor, com a
imagem de uma mulher muito bonita, que segurava em seus braços um menino lindo,
que ele ficou parado, e lembrou-se do seu maior sonho.
Mais do que os brinquedos lindos, as
luzes coloridas, a roupa mais bonita e até a comida mais saborosa, mais do que
tudo, o menino de pés descalços sonhava em ter uma mãe, e lia bem no topo do
cartaz:
Ela quer ser a sua mãe.
Infantilmente, dentro da sua
inocência que ainda não havia sido roubada pela violência das ruas, uma lágrima
rolou dos seus olhinhos apertados, e ele falou baixinho:
Você quer ser a minha mãe?
Ficou ali um bom tempo, olhando para o rosto de Nossa Senhora, que carregava o
menino Jesus, que como ele, não tinha sapatos, nem casa, mas tinha o que ele
mais desejava:
Família.
Ficou ali sem perceber que uma mulher
de meia idade observava toda a cena e compadecida, se aproximou.
Bastaram poucas palavras, e ela pegou
na sua mão e levou-o para a sua casa, onde agora, 15 anos depois, o menino se
prepara para a sua formatura na faculdade.
Orgulhoso, se penteia diante do
espelho, e não se assusta ao ver diante de si, o reflexo daquela imagem que um
dia ele pediu para ter uma mãe, graças a ela, hoje ele tem mais do que uma
casa, tem uma família, e pode dizer com alegria:
Mãe, eu te amo.
Que o seu Natal seja completo, mesmo
que vazio de bens materiais, preenchido pelo espírito de Jesus!
Boas Festas!
Feliz Natal
e um
Próspero Ano Novo!
Eliane de Pádua
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