Quanto mais caminho, mais percebo
o quanto o mundo anda sedento.
As pessoas correm, sofrem e se
desesperam.
Continuam buscando a felicidade
como se essa fosse apenas uma miragem nesse imenso deserto que a vida se
transformou.
Há muita gente no mundo, milhares
e milhares.
Portanto, a solidão continua
assolando vidas, maltratando corações que, no fim do dia e das contas acabam
desacreditando nas portas que se abrem a elas.
Cada qual pensa no próprio eu e
todo mundo se isola.
Enquanto isso, a vida continua,
cresce a indiferença, cresce o desamor, multiplicam-se as depressões e
incompreensões.
As pessoas sentem-se vazias e
reagem como pessoas vazias.
Vazias, pelo menos, de amor e
caridade, mas cheias de tristezas e desilusões.
Há, portanto, dentro de cada um
de nós um poço de possibilidades e, compartilhar de si é deixar-se um pouquinho
em cada um.
Só não têm nada para oferecer quem possui um coração vazio, não as
mãos.
E acabar com a solidão de alguém
é contribuir para o fim da própria solidão.
Oferecer a esperança é dar-se a
si uma nova chance, é reabrir portas, é descobrir o novo e entregar-se a ele.
Há melhor presente no mundo que o
dom de si?
Há coisa mais bonita que saciar o
coração de alguém?
Devolver a esperança, por menor
que seja ela, é dar às pessoas a oportunidade de descobrir o outro lado da
vida, aquele que, embora um pouco esquecido, ainda existe.
O dia tem 24 horas e parece
muitas vezes que é insuficiente para fazermos tudo o que temos que fazer.
Lamentamos a falta de tempo para
isso ou aquilo e pensamos que um dia, quem sabe, se atingirmos a bênção da
velhice tranqüila poderá dar um pouco mais de nós aos outros.
Quanto engano!
Podemos dar de nós a cada dia e a
cada hora, agindo com o coração e tendo uma atitude que nos torna diferentes em
qualquer lugar.
Pode-se resistir ao ódio por
muito tempo, mas quem resiste à ternura, ao afeto, ao amor e à boa-vontade?
Quando as pessoas agirem com
menos egoísmo e ao invés de ruminarem a própria infelicidade começarem a agir
para o bem do próximo, as doenças da alma começarão a encontrar a cura e o
amanhecer terá para cada um de nós outro rosto, mais sereno, mais amigo e mais
esperado.
Eliane de Pádua |
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