terça-feira, 11 de dezembro de 2018

QUER CONHECER?

HERÓIS 


Como nos mitos e contos de fadas, nossa vida pode ser traduzida como uma grande aventura, em que o papel de herói nos serve como uma luva.

A cada dia, vencemos leões e dragões e, ao fim, encontramos o tesouro da felicidade.

Como o sucesso da jornada depende do perfil do personagem, façam teste e descubra o que mora dentro de você nesta fase da vida.

Em livros e filmes, via de regra, segue assim: 


  • O herói, geralmente um cavaleiro corajoso, parte de sua terra natal e sai pelo mundo para viver incríveis aventuras.

  •  No caminho, se embrenha em uma floresta mágica, enfrenta o dragão, liberta a princesa, é encantado por uma feiticeira para finalmente voltar transformado a sua terra natal.

  •  Embora essa jornada seja quase sempre solitária, seu esforço é premiado com um tesouro ou a mão da donzela libertada.

  • Na volta, o herói é recebido com festa, aclamado por sua bravura, o que lhe dá um sentimento de plenitude e comunhão - consigo mesmo, com as outras pessoas e com o mundo.

A saga do herói é, em essência, a história de todos nós. À primeira vista, a aventura de nossa vida pode não parecer emocionante como a dos personagens das telas e dos contos de fadas.

Mas pense em quantas situações temos que matar um dragão, na luta pela sobrevivência, ou somos enfeitiçados por magos atraentes.

Quanto tempo não ficamos encarcerados na masmorra do castelo em atividades tediosas no trabalho do dia-a-dia?

O caminho do herói simboliza a jornada que todo ser humano precisa empreender em direção ao que o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) chamou de individuação.

"É a busca por desenvolver nossa singularidade, descobrir e explorar nossos potenciais a fim de nos tornarmos seres único", explica o psicoterapeuta junguiano Ascânio Jatobá, coordenador do Grupo de Estudos dos Sonhos, de São Paulo.

Trilhar esse caminho pode durar uma vida e começa cedo, explica o especialista.

"A princípio, a criança não enxerga a separação entre ela e a mãe, mas, à medida que cresce, aprende a ser independente e desenvolver seu pensamento original", diz Ascânio.

Imagens compartilhadas:

"Todos nós queremos e precisamos encontrar, senão o sentido da vida, ao menos o sentido de nossa própria vida para que possamos descobrir formas de viver e ser fecundas, efetivas e autênticas", afirma a terapeuta e consultora de desenvolvimento pessoal e organizacional americana Carol S. Pearson, autora dos livros O Herói Interior e O Despertar do Herói Interior (ed. Pensamento-Cultrix).

Carol Pearson afirma que, ao caminharmos rumo à auto descoberta,nosso herói interno pode assumir várias faces. 

Essas facetas correspondem a arquétipos - outro conceito formulado por Jung: padrões de comportamento que fazem parte do inconsciente coletivo e são compartilhados por toda a humanidade em todos os tempos.

Os contos de fadas e as lendas mitológicas, por exemplo, são povoados por arquétipos que representam tipos de vivências e modelos de conduta.

O próprio herói é um arquétipo e, como ele, o mago, o sábio, a bruxa, o guerreiro e o bobo da corte, que fazem parte de nossa natureza.

"Cada arquétipo simboliza uma visão de mundo e um objetivo que dão significado à  existência", diz Pearson.

Entre os diversos arquétipos, a escritora selecionou seis que, sob seu ponto de vista, se manifestam em maior ou menor grau em algum momento na vida de todas as pessoas: o Inocente, o Órfão, o Nômade, o Guerreiro, o Mártir e o Mago.

"Podemos reconhecê-los até mesmo fisicamente", lembra Pearson.

"É fácil identificar a figura do Mártir em alguém que anda encurvado, como se carregasse o peso do mundo. Ou reconhecer o Guerreiro em uma pessoa batalhadora, que enfrenta a vida com garra e coragem."

Outro ponto importante é que vários arquétipos podem se manifestar ao mesmo tempo na vida da pessoa.



Fazendo o teste proposto por Carol Pearson você reconhece quais desses arquétipos regem seu comportamento.

Com essa noção, é possível identificar os padrões de sua jornada heroica e, caso seja preciso, redirecioná-la para se sentir íntegro e completo.

Cada personagem simboliza uma forma de ver o mundo e de encontrar o significado da existência.

 O GUERREIRO
  • Esse arquétipo cobra coragem, foça e integridade para estabelecermos meta se perseverarmos até atingi-las. Somos Guerreiros também sempre que enfrentamos uma autoridade injusta - um patrão ou um professor, por exemplo - e todas as vezes que protegemos alguém ou nos arriscamos por um princípio. Na competição, o Guerreiro dá o melhor de si e se esforça não só para vencer mas para jogar limpo. Nos ensina também a ser duros o suficiente para não nos deixarmos intimidar: sem um poderoso soldado interior, não temos defesa contra as exigências e intromissões dos outros. Mas, como nem sempre as diferenças se resolvem por meio da guerra, as armas devem incluir disciplina, sabedoria, poder de persuasão e capacidade de reunir o apoio externo para nossas causas. Se o guerreiro estiver atuante: lembre-se de que, para cada Guerreiro que combate a injustiça, existe outro que luta para preservá-la. Cuidado, porém, para não se deixar contaminar pelo arquétipo, achando que cada encontro é uma disputa, e considerar uma ofensa pessoal sempre que alguém discorda de você. Coloque-se de forma honesta e limpa nos conflitos e se disponha ao diálogo e a acordos nas relações. Lembre: nunca se deve usar o poder da espada, da caneta ou da palavra para ferir desnecessariamente outra pessoa.
 O ÓRFÃO
  • Esse arquétipo é ativado por todas as experiências em que nos sentimos abandonados, maltratados ou desiludidos. O Órfão é quase uma criança, que se vê privada de proteção e cuidado. Sua presença se revela não apenas quando nos sentimos vítimas de injustiças, fofocas ou traições, mas também quando nos conscientizamos de que o mundo não é justo ou de que há políticos desonestos, por exemplo. A vida está repleta de experiências que fortalecem o Órfão interior e nos fazem sensíveis, vulneráveis, sem esperança. Como vivemos numa sociedade em que ser vulnerável não é socialmente muito aceitável, a maior parte de nós esconde sua criança interior por medo do que os outros possam pensar. O resultado é que acabamos, além de magoados, solitários.  Se o órfão estiver atuante: em vez se apegar à sensação de impotência, procure batalhar por um mundo melhor, pois ninguém irá fazê-lo por você. Enfrentar as limitações e situações negativas, mesmo em meio à dor, é uma forma de poder. Comece a procurar soluções para modificar as situações, engaje-se em um trabalho voluntário ou se filie a alguma ação coletiva, por exemplo. Compartilhe temores e feridas: assim você estabelece ligações sinceras com as outras pessoas, proporcionando o surgimento do vínculo que estabelece a intimidade e a troca.
 O INOCENTE
  • Esse arquétipo que existe dentro de todos nós conserva a esperança mesmo quando o mundo está sombrio e se apega aos sonhos apesar de sua concretização parecer improvável. Por outro lado, é vulnerável e dependente como uma criança. O Inocente também quer se sentir protegido, ser amado e aceito incondicionalmente pelos outros. Ingênuo, acredita que o mundo vai tratá-lo bem porque é bondoso e especial. No fundo, espera que amigos, parceiros, empregadores e instituições tomem conta dele. E as pessoas instintivamente cumprem esse papel, tal como fariam com crianças. E, como a inocência tem o poder de conquistar, sua vida pode ser feliz, até experimentar a dor da separação, da perda de emprego, ou simplesmente porque os amigos param de tomar conta dele, esperando que ele cresça. O Inocente se choca ao descobrir que o mundo pode ser cruel, mas se recupera rápido do choque porque representa a parte dentro de nós que conserva a benevolência e a fé a despeito de todas as adversidades. Se o inocente estiver atuante: cultive a confiança e o otimismo sem negar a realidade ou se apegar a atitudes ingênuas e dependentes. Ao jamais abrir mão de seus sonhos e ideais, todo herói conserva seu quinhão de inocência. Entretanto, é preciso sacrificar certas ilusões a fim de crescer e aprender.
O MAGO
  • Apesar de o Mago estar sempre associado a alguém com poderes extraordinários, esse arquétipo se manifesta em nossa vida de forma simples e corriqueira. Nossos poderes mágicos sempre aparecem quando usamos o poder pessoal para transformar - para melhor - a realidade. Estamos usando o dom da magia quando contribuímos para o bem-estar das pessoas. O Mago também está ativo quando conseguimos curar a nós mesmos ou aos outros até por meio de palavras de conforto. Quando esse arquétipo está atuante em nós, começamos a experimentar eventos sincrônicos, como coincidências significativas. Podemos despertar esse Mago interior ao nos conectar a outros planos de consciência - por meio dos sonhos, da meditação ou da oração - ou quando fazemos alguma descoberta relevante sobre nós mesmos ou a respeito da vida. Se o mago estiver atuante: use a inspiração para agir concretamente com base em suas visões e torná-las reais. Desenvolva a capacidade de transformar a realidade modificando as realidades mentais, emocionais e espirituais. Para isso, a meditação e a oração são duas das formas de se conectar ao mundo interior e ao plano divino. Use com consciência o conhecimento de que cada coisa está ligada a todas as outras.
 O NÔMADE
  • A porção Nômade que habita em nós remete às histórias de exploradores andando sozinhos pelo mundo. Somos Nômades quando optamos por descartar antigas regras e comportamentos a fim de descobrir quem somos e o que queremos de verdade e caminhar em direção à auto-realização, com afinco e independência. É fácil identificar o perfil do Nômade em homens e mulheres de negócios capazes de alcançar sucesso ao andar com os próprios pés ou mesmo em pessoas que se colocam à margem das normas da sociedade por suas idéias originais. Nosso Nômade interno se manifesta também quando sentimos necessidade de isolamento, de ficar ou mesmo viajar sozinhos: precisamos de períodos de solidão para vagar em nosso mundo interior. Muitas vezes somos impelidos a esse mergulho por acontecimentos externos, como a morte de um ente querido, uma traição ou um abandono. Se o nômade estiver atuante: mesmo que exteriormente mantenha a rotina, acalente novas idéias. Busque alternativas de vida que o estimulem a embarcar na grande aventura em direção a seus sonhos. Às vezes, precisamos perambular um pouco a fim de crescer. Cultive os momentos a sós para se conectar a suas verdades, mas não se isole apenas para fugir da realidade e evitar o comprometimento.
 O MÁRTIR
  • Esse arquétipo remete aos rituais de fertilidade das antigas religiões, em que havia o sacrifício humano aos deuses. Em sua base, estava a crença de que a morte é um pré-requisito para o renascimento. Todos, por vezes, temos a necessidade de sacrificar algo em prol de outra pessoa ou de uma causa. São exemplos de Mártires a nossa volta as mulheres que abrem mão a contragosto da carreira para cuidar dos filhos e os homens que se sentem vítimas por trabalhar pelo sucesso da empresa ou pelo sustento da família. O extremo desse arquétipo, entretanto, consiste em usar a máscara da bondade ou da abnegação como poder de barganha para manipular situações e conquistar a simpatia alheia. Como os pais que abandonam suas vidas pelos filhos, mas mais tarde querem algo em troca. O sacrifício sincero é transformador e enobrecedor - o exemplo são pessoas que realmente dedicam seu tempo a ajudar as outras. Se o mártir estiver atuante: o preço de se comprometer - com outra pessoa, um trabalho, uma causa - é a perda da liberdade de todas as outras escolhas que poderiam ser feitas. Fique consciente das situações em que é realmente importante se sacrificar. E evite sustentar a dependência ou a irresponsabilidade dos outros.




Quando aprendemos a dar e receber, mergulhamos na essência do amor: "A Reciprocidade"!



Eliane de Pádua



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