do Condor
Às vezes, sinto vontade de voar, com
uma pretensiosa convicção de saber planar sobre as nuvens e montanhas.
Mas até nos sentimentos, a força da gravidade nos mantém presos a vínculos, que
até hoje, não consegui aceitar seus mistérios e porquês.
É como se a vida me conduzisse para os meus mais íntimos sonhos e uma força poderosa, mas sem preceitos
estabelecidos por mim, me chamasse para a razão.
Uma razão que não me cabe julgar ou aceitar, pois ela já existe dentro de mim.
Como queria voar!
Sem local e hora de pouso.
Simplesmente voar!
Voar em busca
de viver, voar em busca do meu "eu", voar nos meus sonhos e desejos mais íntimos, como o “Condor”,
que ao olhar para baixo, sente a fragilidade dos que se encontram sobre a terra e extasiado senti-se distante de
todo tipo de mesquinharias que lá se encontra.
Talvez este condor até tentasse um voo rasante, mas longe de se iludir com a paisagem tão próxima e batendo com toda força suas asas, fugiria, como se já conhecesse aquele lado falso do belo e não quisesse mais iludir-se.
Permanecendo longe de tudo e de todos.
Evitando sofrimentos e questionamentos.
Sendo um pouco egoísta a quem o quisesse julgar, mas vivendo, não sei como, o seu sonho de superioridade.
Mesmo sendo um sentimento, que dentro dele, não significasse, exatamente superioridade e sim liberdade.
Voar, voar, voar...
Um voo sem limites, sem rumo, mas um voo verdadeiro, de um ser que nunca vai se encontrar na realidade, pois seus sonhos são maiores, mas impossíveis, porque o mundo não é dele e o rumo das leis já estabelecidas, não mudam.
Voe Condor!
Não olhe para baixo, não olhe a razão!
Simplesmente voe!
Procure ser
feliz!
É difícil, eu sei!
Mas me faça também um pouco feliz, vendo-o partir.
Saia
dessa prisão, e não se culpe.
Você foi feito para viver livremente, não se puna por um desejo, que está lhe sufocando.
Ponha-o em prática e se não der certo, o caminho de volta você também conhece e pode tentar regressar, mas, mais bonito, e corajoso menos deprimido e confiante.
Você irá se conhecer e irá
com certeza mudar sua pequena vida.
Eliane de Pádua
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