A preguiça e a covardia são as causas
por que os homens em tão grande parte após a natureza os terem a muito
libertado do controle alheio, continuem, no entanto, de boas vontades menores
durante toda a vida; e também por que a outros se torna tão fácil se assumirem
como seus tutores.
Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um diretor espiritual que
tem em minha vez consciência moral, um médico que por mim decide da dieta,
etc., então não preciso de mim próprio me esforçar.
Não me é forçoso pensar, quando posso
simplesmente pagar; outros empreenderão por mim essa tarefa aborrecida.
Porque a imensa maioria dos homens
(inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícil e também
muito perigosa:
É que os tutores de boa vontade
tomaram a seu cargo a superintendência deles.
Depois de, primeiro, terem embrutecido os seus animais domésticos e evitado cuidadosamente que estas criaturas pacíficas ousassem dar um passo para fora da carroça em que as encerraram lhes mostram em seguida o perigo que as ameaça, se tentarem andar sozinhas.
Depois de, primeiro, terem embrutecido os seus animais domésticos e evitado cuidadosamente que estas criaturas pacíficas ousassem dar um passo para fora da carroça em que as encerraram lhes mostram em seguida o perigo que as ameaça, se tentarem andar sozinhas.
Só que tal exemplo intimida e, em geral, gera pavor perante todas as tentativas anteriores.
Até lhe ganhou amor e é por agora
realmente incapaz de se servir do seu próprio entendimento, porque nunca lhe
foi permitido fazer tal tentativa.
Preceitos e fórmulas, instrumentos
mecânicos do uso racional ou, antes, do mau uso dos seus dons naturais são os
grilhões de uma menoridade perpétua.
Mesmo quem deles se soltasse só daria
um salto inseguro sobre o menor fosso, porque não está habituado a este movimento
livre.
São, pois, muito poucos apenas os que conseguiram mediante a transformação do seu espírito se arrancar da menoridade e iniciar então um andamento seguro.
Eliane de Pádua |
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