terça-feira, 18 de agosto de 2015

Um dia




Um dia você pára de esperar.

Você pára de sonhar, de desejar e de se importar.

E você entende que andou simplesmente só a maior parte da tua vida.

Quanto mais cedo você compreende essa assustadora verdade, mais preparado você ficará para viver neste lugar desamparado.

Um dia você acorda e tudo está preto e branco.

Você tenta desesperadamente encontrar um pouco de cor, mas é inútil.

Você tenta pintar uma nova realidade, mas você não é um artista.


Até que um dia você simplesmente esquece a beleza de um mundo colorido.

Um dia você acha que encontrou o amor.

Mas na realidade você não encontrou.

Você tropeçou e caiu no amor.


Se o amor fosse tão bom, será que ele te faria cair?

O que parecia ser um grande ponto de apoio acabou por ser uma pedra de tropeço. 

E você fica no chão, sofrendo e se perguntando: 
Será que eu quero me levantar de novo?

Um dia você se olha no espelho e não reconhece a pessoa do outro lado.

E você tenta rastrear seus movimentos, suas escolhas, suas encruzilhadas.

Só para tentar descobrir onde você se separou da sua concha.

E você tenta descobrir: 
Será que você vai encontrá-la, e vai se encontrar?
Você quer se encontrar? Será que vale a pena?


Um dia, o sol deixa de te aquecer, e a chuva não consegue mais limpar a mancha de uma existência miserável.

A comida não tem o mesmo gosto, e mesmo que tivesse, nunca conseguiria disfarçar o gosto ruim e azedo que dominou a sua boca.

Um dia você esquece como sorrir.

Como sorrir de forma genuína.

Você só mexe os lábios, você finge.

Você é oco, vazio, você não tem motivação, inspiração, força de vontade.

E todos os dias você vai para o seu próprio funeral, e você não tem últimas palavras para dizer.

Você cava, cava e cava.

Você vai enterrando partes de você.

Sem últimos sacramentos, sem orações.

Apenas silêncio e apatia.


Tudo o que você pode fazer é continuar cavando.

Porque isso é o que você faz melhor: 
você cava suas próprias sepulturas.

Um dia você simplesmente se recusa a ligar a luz.

Ela não pode mais te ajudar.

Mas a escuridão também não é sua amiga.

Porque você não tem amigos.

Você tem conhecidas, pessoas que te testam e te usam como um fantoche para a sua própria diversão.

Um dia todos os seus medos e fraquezas aparecem na sua porta.


E eles não tocam a campainha.

Eles derrubam a porta, te derrubam e rouba tudo o que você tem.

Seu mundo desaba e você só pode olhar enquanto tudo desmorona.

Um dia...

Um dia você decide escrever sobre esse dia.

E quando você termina de escrever você entende que...

Hoje é esse dia... de ser feliz!

Fique em Paz!
Tem alguém que torce por você.


 Eliane de Pádua

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