terça-feira, 2 de julho de 2013

Perdoar



O que você faria se, de repente, por uma circunstância qualquer, tivesse em suas mãos a possibilidade de decidir a respeito do destino de uma pessoa que muito lhe prejudicou?

Alguém que estendeu o manto da calúnia e destruiu o seu bom nome perante os amigos? 

Alguém que usurpou, com métodos desonestos, a sua empresa, fruta de seu labor de tantos anos?

Alguém que tenha ferido brutalmente a um membro da sua família?

Será que você lembraria-se da lição do perdão, ensinada por Jesus? 

Será que acudiriam à sua mente as palavras do mestre Galileu: 

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia?



Ou, ainda, a exortação a respeito de nos reconciliarmos ainda hoje com nosso adversário?

A propósito, conta-se que um escravo tornou-se de grande valor para o seu senhor, por causa da sua honradez e bom comportamento.



Dessa forma, seu senhor o elevou a uma posição de importância, na qualidade de administrador de suas fazendas.

Numa ocasião, o senhor desejou comprar mais vinte escravos e mandou que o novo administrador os escolhesse. 

Disse, contudo, que queria os mais fortes e os que trabalhassem melhor.

O escravo foi ao mercado e começou a sua busca. 

Em certo momento, fixou a vista num velho e decrépito escravo. 


Apontando-o para o seu senhor, disse-lhe que aquele devia ser um dos escolhidos.

O fazendeiro ficou surpreendido com a escolha e não queria concordar. 

O negociante de escravos acabou por dizer que se o fazendeiro comprasse vinte homens, ele daria o velho de graça.

Feita a compra, os escravos foram levados para a fazenda do seu novo senhor.

O escravo administrador passou a tratar o velho com maior cuidado e atenção do que a qualquer dos outros.

Levou-o para sua casa. 

Dava-lhe da sua comida. 

Quando tinha frio, levava-o para o sol. 

Quando tinha calor, colocava-o debaixo das árvores de cacau, à sombra.

Admirado das atenções que o seu antigo escravo dispensava a outro escravo, seu senhor lhe perguntou por que fazia aquilo.

Decerto deveria ter algum motivo especial: 

É seu parente, talvez seu pai?

A resposta foi negativa.

É então seu irmão mais velho?

Também não, respondeu o escravo.

Então é seu tio ou outro parente.

Não tenho parentesco algum com ele. 

Nem mesmo é meu amigo.

Então, perguntou o fazendeiro, por que motivo tem tanto interesse por ele?

Ele é meu inimigo, senhor. 



Vendeu-me a um negociante e foi assim que me tornei escravo.

Mas eu aprendi nos ensinamentos de Jesus, que devemos perdoar os nossos inimigos. 

Esta é a minha oportunidade de exercitar meu aprendizado.




O perdão acalma e abençoa o seu doador.

Maior é a felicidade de quem expressa o perdão. 

O perdoado é alguém em processo de recuperação. 

No entanto, aquele que lhe dispensa o esquecimento do mal, já alcançou as alturas do bem e da solidariedade.

Quando se entenda que perdoar é conquistar enobrecimento, o homem se fará forte pelas concessões de amor e compreensão que seja capaz de distribuir.


Eliane de Pádua


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