Só quem atravessa ao menos cinco décadas de vida pode entender a bênção que é
entrar na segunda juventude.
Claro que
antes é preciso passar pelo purgatório.
Poucos chegam aos 50 anos sem fazer uma profunda reflexão sobre a finitude, e
dá um frio na barriga, claro.
Amedronta
principalmente quem ainda não fez nem metade do que gostaria de já ter feito a
essa altura.
Será que vai
dar tempo?
Passado o
susto, a resposta:
VAI.
E se não
der, não tem problema.
Você não
precisa morrer colecionando vontades não realizadas.
Troque de
vontades e siga em frente sem ruminar arrependimentos. Você finalmente atingiu
o apogeu da sua juventude: é livre como nunca foi antes.
Então, não passe mais nem um dia ao lado de alguém que lhe esnoba, lhe provoca e
que não se importa com seus sentimentos.
Pare de
inventar razões para manter seus infortúnios, você já fez sacrifícios
suficientes, agora se permita um caminho mais fácil.
Se ainda dá
trela a fantasmas, se ainda pensa em vingancinhas ordinárias, se ainda não
perdoou seus pais e seu passado, se ainda perde tempo com vaidades e ambições
desmedidas, se ainda está preocupado com o que os outros pensam sobre você,
está pedindo:
Logo, logo
virará um caco.
Para
alcançar e merecer a segunda juventude, é preciso se desapegar de todas aquelas
preocupações que havia na primeira.
Quando essa
Juventude (Parte 2) terminar, não virá a Juventude (Parte 3), mas o fim.
Ou seja, esta é a última e deliciosa oportunidade de abandonar os rancores, não
perder mais tempo com besteiras e dar adeus à arrogância, à petulância, à
agressividade, ou seja, adeus às armas, aquelas que você usava para se defender
contra inimigos imaginários.
Agora ninguém mais lhe ataca, só o tempo – em vez de brigar contra ele, alie-se
a ele, tome o tempo todo para si.
Eu sei que você teve problemas, e talvez ainda tenha – muitos.
Eu também
tive, talvez não tão graves, depende da perspectiva que se olha.
Mas isso não
pode nos impedir a graça de sermos joviais como nunca fomos antes.
Lembra
quando você dizia que só gostaria de voltar à adolescência se pudesse ter a
cabeça que tem hoje?
Praticamente
está acontecendo.
Essa é a
diferença que tem que ser comemorada.
Na primeira
juventude, tudo vai acontecer.
Na segunda,
está acontecendo.
Na terceira,
também!
Martha Medeiros |
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